sábado, 30 de novembro de 2013
quarta-feira, 27 de novembro de 2013
terça-feira, 26 de novembro de 2013
Iniciação
Falar de iniciação é falar de um assunto complexo até para os mais experientes, para pessoas como eu então, é tarefa árdua e perigosa. Comecemos com todo o cuidado, analisando o verbete e seu significado.
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Big Bang |
i.ni.cia.ção
sf (lat initiatione) 1 Ato ou efeito de iniciar ou iniciar-se. 2 Ação de começar. 3 Cerimônia pela qual se inicia alguém nos mistérios de alguma religião ou doutrina. 4 Admissão de alguém em qualquer ordem. 5 Segundo o ocultismo, espécie de educação gradual, em que o discípulo, instruído primeiramente nas suas possibilidades mediante uma exposição dogmática e ainda hipotética, desenvolve em si, por seus próprios esforços, faculdades transcendentes, das quais por enquanto só possui o germe. (fonte: Michaelis online)
s.f. Ação ou efeito de iniciar ou iniciar-se. / Cerimônias pelas quais alguém era admitido ao conhecimento de certos mistérios nas religiões antigas e que acompanham hoje a admissão em diferentes sociedades secretas. / Ação de dar a alguém as primeiras noções de certas coisas que ignorava: iniciação à filosofia. (fonte: Aurélio online)
Estes são os conceitos tradicionalmente aceitos, onde um leigo, ao aderir a determina corrente de pensamento, recebe a iniciação de um adepto mais velho e outorgado para isso, normalmente um mestre, ou um pai espiritual.
A Iniciação existe há milhares de anos, quando o mais velho elegia seu sucessor, ou para garantir a perpetuação daquele conhecimento. Portanto, era raro alguém receber a Iniciação, pois essa significava Poder e Liderança sobre determinado povo ou credo. Hoje não ocorre assim, sendo a Iniciação tratada com menos cuidado e parcimônia.
Pai Rivas define iniciação como sendo o “conhecimento da Origem de todas as coisas, inclusive de si mesmo”. Iniciar-se então é conhecer o Início.
Vivemos envoltos no Universo, realidade regida pelo Espaço e Tempo.O Espírito, imortal, eterno, não é regido pelas dimensões Espaço e Tempo. Quando o Espírito resolveu se manifestar através do Corpo físico, criou a dualidade (o Manifesto e o Imanifesto). E embora liberto da dimensão Espaço e Tempo, preferiu estar exposto a ela.
Portanto, sua percepção começou a se iludir com o que não existia e criar necessidades que anteriormente não possuía.
Na medida em que o Espírito foi se aprofundando na matéria, criando seus corpos densos, foi iludindo-se cada vez mais. A ponto de hoje não mais se reconhecer como Espírito, esquecendo-se e até negando-se em acreditar que é eterno. Não se imagina longe do conforto da vida moderna, com suas necessidades tão prementes e inadiáveis... Dinheiro, beleza, poder, fama.
O Espírito descobriu a Inveja, o Egoísmo, a Vaidade, a Ambição, A Gula, a Luxúria, o Ódio. Envolto em todos estes véus de Ilusão, construiu a Vida Moderna, verdadeiro grilhão formado por elos numerosos, dificultando a passagem de um mínimo sequer de Lucidez Espiritual.
A Iniciação é a busca desta Lucidez esquecida.
A retirada destes véus é o único caminho para o Espírito voltar a se reconhecer. No entanto, isso pode ser extremamente perigoso. Extremamente dolorosa, chegar até a Verdade e vê-la pode provocar a perda do equilíbrio mental. Deve ser feito por um Mestre consumado, preparado e outorgado para isso. Senão, a Iniciação será apenas uma Escola de feitura de Loucos.
E o que dizer então das iniciações feitas em cursos, por meio de apostilas?
Se é certo que há quem faça, é mais certo ainda que há quem compre. Para todo rebanho há um pastor.
Dizer que a cada um seu quinhão de responsabilidade, e isentar-se do dever de discutir o assunto, é mais cômodo, claro. Seria mais fácil dizer que cada um segue o caminho que quiser, que cada um compra o que deseja, e se ilude o quanto quer...
No entanto, esta prática tem se tornado cada vez mais freqüente, e o número de cursos proliferam de forma assustadora. Não é mais possível se isentar do dever de falar sobre esse assunto.
O caminho da Iniciação é como caminhar sob o "fio da navalha". O limiar entre a sanidade e a loucura é tênue. Somente um Mestre consumado, de fato e de direito, pode nos mostrar o caminho.
Obaositalá
Para quem quiser saber mais sobre o assunto, leia:
http://sacerdotemedico.blogspot.com.br/2013/11/a-iniciacao-se-transforma-em-uma.html
Para quem quiser saber mais sobre o assunto, leia:
http://sacerdotemedico.blogspot.com.br/2013/11/a-iniciacao-se-transforma-em-uma.html
quinta-feira, 21 de novembro de 2013
Rede Globo e Simulacro
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Olavo Solera - OICD |
Para entender melhor estas questões eu explico:
Dissimular é fingir não ter o que se tem.
Simular é fingir ter o que não se tem.
O primeiro refere-se a uma presença, o segundo a uma ausência.
Dentro deste aspectos a mídia televisiva estabelece factoides que sugerem ser algo real e generalizado uma “meia” verdade, ou seja, por meio de uma notícia sobre um determinado fato cria-se a ideia de que um caso isolado seja atribuído a toda uma coletividade, e no caso em questão a nossa comunidade de Santo.
Ao usar da dissimulação, a cartomante, finge que tem honestidade de propósito e capacidade para resolver as questões tratadas nas consultas. Ao simular, finge ao consulente que fala por meio de uma preta velha, no intuito de afiançar suas palavras.
Em relação a TV Globo, é totalmente inadmissível uma empresa que entra diariamente em todos os lares brasileiros, veicular uma notícia que coloca os adeptos sinceros e trabalhadores do Santo no mesmo patamar de ladrões e mentirosos tais como desta instituição “Conselho Mediúnico do Brasil” e que é dirigida pelos envolvidos neste assunto vergonhoso. Nesta procura vã de favorecer o espetáculo midiático parece que mais vale a mentira que a verdade.
Para minha total surpresa, ao ver o texto inserido pelo irmãos João e Thomé, vejo ainda que existe ligações deste “conselho” citado acima com a “Federação Paranaense de Umbanda e Cultos Afro-brasileiro”, e que em seu site veicula ofertas de cursos de capacitação sacerdotal e introdução à Teologia ligados as religiões afro-brasileiras, sem respaldo nenhum, pois a mesma não tem registro no MEC para estas ações.
Podemos verificar novamente a dissimulação e a simulação agindo, e se no início de meu texto, falei sobre a sociedade do espetáculo, é por que a mesma em uma de suas vertentes, troca o sagrado pelo capital, o real pela cópia e favorece aquilo que aparenta ser apenas.
Em minha vida no Santo (e já se vão muitos anos) com meu mestre, o Pai Rivas, apreendi que não basta parecer, tem que ser e sendo; fazer.
P.S.: Precisa ficar claro mais uma vez que a única Instituição capacitada pelo MEC – Ministério da Educação e Cultura a ministrar cursos de Teologia Afro-brasileira é a FTU – Faculdade de Teologia Umbandista, fundada em 2003.
Ygbere – Olavo Solera
Discípulo de Mestre Arhapiagha – Pai Rivas
Para quem deseja saber mais, leia:
http://sacerdotemedico.blogspot.com.br/2013/11/a-proliferacao-das-agencias-mercantis.htmlquarta-feira, 20 de novembro de 2013
História negra, escola branca
Para historiador, escola ensina visão branca e deve resgatar papel de negros e índios na criação do País
Por Rafael Gregorio — publicado na edição 81, de novembro de 2013
Os programas escolares brasileiros são racistas e o mito da “democracia
racial” embaça os olhos da sociedade diante de conflitos
étnicorraciais, afirma Amilcar Araujo Pereira. Professor da Faculdade de
Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e doutor em
História, ele lançou neste ano, em parceria com a colega Ana Maria
Ferreira da Costa Monteiro, o livro Ensino de História e Culturas
Afro-Brasileiras e Indígenas, pela editora Pallas. Na obra,
organizadores e articulistas debatem a efetiva aplicação das leis
10.639, de 2003, e 11.645, de 2009, que determinam a inclusão de
história e cultura afro-brasileiras e indígenas nos programas
pedagógicos das escolas do País. Pereira, carioca de 35 anos, foi
professor da rede municipal fluminense durante dois anos em Mangaratiba e
já escreveu ou organizou outros dois livros sobre temas correlatos. Ele
identifica três razões principais para a disciplina ainda não integrar,
de fato, o currículo: falta de materiais didáticos, poucas verbas
governamentais para financiar pesquisa histórica e carência de docentes
capacitados. Leia mais a seguir.
Carta na Escola: O que motivou a organização de Ensino de História e Culturas Afro-Brasileiras e Indígenas?
Amilcar Pereira : A necessidade de produzir reflexão e conhecimento sobre esses assuntos. O livro foi resultado de um seminário nacional organizado na UFRJ, em 2010, por mim, pela professora Ana Maria Monteiro e por outros professores que formam o Lepeh, o Laboratório de Estudos e Pesquisas em Ensino de História da Faculdade de Educação da UFRJ. O livro é composto principalmente de artigos dos participantes desse evento. Esses temas têm pouquíssima produção até hoje em comparação com outros assuntos e historicamente estiveram ausentes da escola. Percebemos uma necessidade urgente para a sociedade brasileira: que todas as suas matrizes estejam presentes nos currículos escolares. É uma questão ética.
CE: Além dessa falta de material acadêmico, quais
são os maiores obstáculos à aplicação das leis que preveem o ensino de
cultura e história afro-brasileira e indígena?
AP: Hoje estou coordenando uma pesquisa sobre a implementação das leis em um grupo com 12 bolsistas na UFRJ. Entrevistamos professores e diretores em várias escolas no Rio de Janeiro, em Duque de Caxias e em Nova Iguaçu. Há vários entraves. Um obstáculo tradicionalmente mencionado é o da falta de material didático. Hoje há uma quantidade substancial de fundamentos para ajudar o trabalho dos docentes. Não dá pra dizer, como se falava há dez anos, que não existe material. Porém, ainda não é suficiente. Há muitas histórias relacionadas às populações negra e indígena que nós não conhecemos. Estudo essas questões há muitos anos e estou sempre descobrindo coisas novas, é impressionante! A liberação de recursos por governos, tanto o federal quanto os estaduais, para financiar pesquisas históricas sobre as culturas afro-brasileira e indígena também é um problema. Outra dificuldade é a pouca quantidade de pesquisadores com trajetória nessa área. Historicamente a cultura e a história afro-brasileira não foi um tema prestigiado na academia. Precisamos qualificar quadros.
AP: Hoje estou coordenando uma pesquisa sobre a implementação das leis em um grupo com 12 bolsistas na UFRJ. Entrevistamos professores e diretores em várias escolas no Rio de Janeiro, em Duque de Caxias e em Nova Iguaçu. Há vários entraves. Um obstáculo tradicionalmente mencionado é o da falta de material didático. Hoje há uma quantidade substancial de fundamentos para ajudar o trabalho dos docentes. Não dá pra dizer, como se falava há dez anos, que não existe material. Porém, ainda não é suficiente. Há muitas histórias relacionadas às populações negra e indígena que nós não conhecemos. Estudo essas questões há muitos anos e estou sempre descobrindo coisas novas, é impressionante! A liberação de recursos por governos, tanto o federal quanto os estaduais, para financiar pesquisas históricas sobre as culturas afro-brasileira e indígena também é um problema. Outra dificuldade é a pouca quantidade de pesquisadores com trajetória nessa área. Historicamente a cultura e a história afro-brasileira não foi um tema prestigiado na academia. Precisamos qualificar quadros.
CE: Há alguma raiz histórica para essa forma de preconceito escolar?
AP: No Brasil existe uma ideia há décadas, principalmente desde o governo Vargas, de democracia racial. Essa concepção de certa forma tornou invisíveis os conflitos evidentes. Determinou a celebração de uma formação que não contemplava, tanto nas escolas quanto no senso comum, as matrizes negras e indígenas que são formadoras da sociedade brasileira. Celebrava-se a miscigenação, mas só estudamos a história da Europa, como se isso fosse dar conta do conceito de formação nacional. Existe igualmente o preconceito racial e há também um componente religioso, principalmente evangélico e em particular nas grandes cidades. Tenho conversado com amigos que lecionam em São Paulo e eles dizem que lá é muito parecido com o que observo aqui no Rio: existe uma demonização do continente africano. Quando você trata de algo sobre a população negra, especialmente a africana, muitos alunos acham que é coisa do diabo. Nesse sentido, há professores evangélicos que não aceitam trabalhar a sistemática da lei, ainda que ela passe ao largo de incluir conteúdos religiosos. São muitos os desafios.
CE: É como se essa ideia de “democracia racial” tivesse anestesiado conflitos necessários para o debate?
AP: Não acho que o debate precise de conflitos, mas sim da compreensão de que eles existem e estão aí. É preciso ver a sociedade brasileira tendo em mente a desigualdade. Discutir as relações étnicorraciais em nosso país e compreender que elas são historicamente desiguais e que, sim, se reproduzem hoje. Evidentemente existe racismo na escola. E não é algo velado e sutil, como muita gente diz. Eu observei e observo, tanto enquanto fui professor na rede municipal quanto agora, nas falas de meus alunos, futuros professores de História que fazem estágios em escolas públicas. Qualquer professor já presenciou casos de racismo onde trabalha, desde xingamentos entre alunos até a forma como funcionários ou mesmo colegas lidam com as diferentes crianças e jovens, ainda que sem intenção. É fundamental transformar a escola e enfrentar essa ideia de democracia racial com viés embranquecedor. É um desafio muito grande. Não se trata apenas de inserir um ou outro conteúdo, mas de transformar todo o próprio ensino. Não é simples, não. Mas pode contribuir para a construção de uma prática docente pautada pela pluralidade cultural e pelo respeito às diferenças.
CE: Que exemplos o senhor mencionaria de casos em que a história dita oficial ignorou ou desvirtuou a participação de negros ou indígenas?
AP: Publiquei este ano minha tese de doutorado, chamada “O mundo negro”, sobre relações raciais e a constituição do movimento negro no Brasil. Para isso passei um ano em pesquisas nos EUA. Minha ideia era pesquisar relações entre o movimento negro brasileiro e o norte-americano. Ao chegar, tive uma surpresa fantástica. A Frente Negra Brasileira foi uma organização criada em São Paulo, em 1931. Eu já tinha ouvido falar dela e estudado bastante. Em 1936, ela tornou-se um partido político que aglutinava milhares de pessoas em todo o Brasil, com ramificações na Bahia e em Minas Gerais, Pernambuco, Rio Grande do Sul. Muito grande. Alguns historiadores falam em 30 a 40 mil associados. Chegou a ser recebida por presidente da República nos anos 1930 e teve algumas demandas atendidas. Em 1937 todos os partidos políticos foram fechados por Getúlio Vargas no golpe do Estado Novo. E a gente não conhece. Você já tinha ouvido falar?
CE: Confesso que não.
AP: Mas de Martin Luther King e Panteras Negras você já tinha ouvido falar?
CE: Com certeza. Vimos até no cinema...
AP: Nessas pesquisas, encontrei a Frente Negra Brasileira, em 1935, apresentada ao público americano pelos jornais da imprensa negra como a mais poderosa organização fundada e criada na sociedade brasileira. Esses veículos tinham grande circulação, alguns em âmbito nacional, e publicavam reportagens superelogiosas, citando até uma organização em Porto Rico inspirada no grupo brasileiro. Algumas me deixaram boquiaberto: a organização sendo exposta como um exemplo a ser seguido pelos negros norte-americanos na busca por direitos civis. Isso na década de 1930! Antes das lutas que conhecemos bem: Martin Luther King, Malcom-X, Panteras Negras e tal. Elas só deslanchariam na década de 1950.
CE: Há quem atribua ao racismo a demora da academia e do público em reconhecer o valor de autores negros, como Cruz e Sousa. Houve uma segregação pedagógica de cunho racista?
AP: Isso me parece evidente. É só olhar para o mercado de trabalho. Recebi há pouco uma pesquisa do instituto Ethos que mostra como o quadro executivo das 500 maiores empresas do Brasil é composto de 94% de gerentes, diretores e chefes brancos. Há uma sub-representação dessas populações na literatura, nas artes em geral e na política. Quando se olha para o Congresso Nacional isso fica evidente. Há também uma questão de gênero, pois (os líderes) são principalmente homens brancos.
CE: E no caso da história indígena os obstáculos são os mesmos?
AP: Acredito que tanto a população negra quanto a indígena sejam tornadas invisíveis nas escolas, tanto no currículo quanto nas práticas dos professores. Mas há uma diferença quantitativa muito grande, principalmente nas grandes cidades. A população negra é mais da metade do total, enquanto a indígena não chega a 1%. O racismo se manifesta mais diretamente com relação à população negra.
CE: Como políticas públicas influem na ausência de conteúdos afro-brasileiros e indígenas nos programas escolares?
AP : No Brasil a gente estuda mais história da Europa do que os franceses. Estive na França há um ano e meio e um amigo brasileiro que é professor de História em uma universidade francesa me levou para conversar com seus alunos. Os franceses estudam menos história da Europa do que nós. É absurdo. Lá eles estudam muito a história nacional, da França. Aqui, todas as histórias que a gente não conhece são reflexos dessas políticas, de opções feitas para dar visibilidade a um setor populacional: a população branca de origem europeia. Se você analisar os personagens históricos negros do século XIX, por exemplo, terá a impressão de que havia mais do que no século XX. Lima Barreto, André Rebouças, seu pai, Antônio Rebouças, conselheiro do Império. Após os projetos do início da República, a quantidade de negros proeminentes parece que diminui. O que é um contrassenso, pois a população negra vem aumentando a partir daí.
CE: Existe algum estado da federação ou alguma região do País que mereça particular destaque na aplicação dessas leis?
AP: Não tenho dados para responder objetivamente, mas posso dizer que há esforços nesse sentido em alguns estados antes mesmo de as leis federais existirem. A Bahia é um exemplo: já tinha legislação determinando o estudo de história e cultura afro-brasileira desde 1996, sete anos antes da Lei 10.639/03. Um histórico de vanguarda institucional.
CE: E com relação a eventuais diferenças pedagógicas entre as redes privada e pública?
AP: Na rede privada deve ser ainda mais difícil, porque as redes públicas recebem material, normativas, estão mais dispostas a ser interpeladas pelo Ministério Público. Esse controle social é mais difícil na rede privada.
CE: O fato de que precisamos de leis para evitar censuras pedagógicas de cunho racista evidencia que famílias, academia e sociedade falharam?
AP: Creio que não. Essa lei é fruto de demandas da própria sociedade, não é uma iniciativa do Estado. Podemos apontar os atores sociais que foram protagonistas da construção da lei: movimento negro, professores, intelectuais. Em pesquisas, encontrei a carta de princípios de 1978 do Movimento Negro Unificado, uma das organizações importantes que tivemos ainda no regime militar. Lá já havia uma reivindicação pela reavaliação do papel do negro na história do Brasil. Antes disso, em 1931, a Frente Negra já tinha criado escolas para ensinar outra história à população negra. O texto da lei foi apresentado por uma organização a um deputado e se transformou em lei. Antes disso havia outras tentativas no Congresso de parlamentares negros como Abdias do Nascimento, Paulo Paim e Benedita da Silva.
AP: Mas de Martin Luther King e Panteras Negras você já tinha ouvido falar?
CE: Com certeza. Vimos até no cinema...
AP: Nessas pesquisas, encontrei a Frente Negra Brasileira, em 1935, apresentada ao público americano pelos jornais da imprensa negra como a mais poderosa organização fundada e criada na sociedade brasileira. Esses veículos tinham grande circulação, alguns em âmbito nacional, e publicavam reportagens superelogiosas, citando até uma organização em Porto Rico inspirada no grupo brasileiro. Algumas me deixaram boquiaberto: a organização sendo exposta como um exemplo a ser seguido pelos negros norte-americanos na busca por direitos civis. Isso na década de 1930! Antes das lutas que conhecemos bem: Martin Luther King, Malcom-X, Panteras Negras e tal. Elas só deslanchariam na década de 1950.
CE: Há quem atribua ao racismo a demora da academia e do público em reconhecer o valor de autores negros, como Cruz e Sousa. Houve uma segregação pedagógica de cunho racista?
AP: Isso me parece evidente. É só olhar para o mercado de trabalho. Recebi há pouco uma pesquisa do instituto Ethos que mostra como o quadro executivo das 500 maiores empresas do Brasil é composto de 94% de gerentes, diretores e chefes brancos. Há uma sub-representação dessas populações na literatura, nas artes em geral e na política. Quando se olha para o Congresso Nacional isso fica evidente. Há também uma questão de gênero, pois (os líderes) são principalmente homens brancos.
CE: E no caso da história indígena os obstáculos são os mesmos?
AP: Acredito que tanto a população negra quanto a indígena sejam tornadas invisíveis nas escolas, tanto no currículo quanto nas práticas dos professores. Mas há uma diferença quantitativa muito grande, principalmente nas grandes cidades. A população negra é mais da metade do total, enquanto a indígena não chega a 1%. O racismo se manifesta mais diretamente com relação à população negra.
CE: Como políticas públicas influem na ausência de conteúdos afro-brasileiros e indígenas nos programas escolares?
AP : No Brasil a gente estuda mais história da Europa do que os franceses. Estive na França há um ano e meio e um amigo brasileiro que é professor de História em uma universidade francesa me levou para conversar com seus alunos. Os franceses estudam menos história da Europa do que nós. É absurdo. Lá eles estudam muito a história nacional, da França. Aqui, todas as histórias que a gente não conhece são reflexos dessas políticas, de opções feitas para dar visibilidade a um setor populacional: a população branca de origem europeia. Se você analisar os personagens históricos negros do século XIX, por exemplo, terá a impressão de que havia mais do que no século XX. Lima Barreto, André Rebouças, seu pai, Antônio Rebouças, conselheiro do Império. Após os projetos do início da República, a quantidade de negros proeminentes parece que diminui. O que é um contrassenso, pois a população negra vem aumentando a partir daí.
CE: Existe algum estado da federação ou alguma região do País que mereça particular destaque na aplicação dessas leis?
AP: Não tenho dados para responder objetivamente, mas posso dizer que há esforços nesse sentido em alguns estados antes mesmo de as leis federais existirem. A Bahia é um exemplo: já tinha legislação determinando o estudo de história e cultura afro-brasileira desde 1996, sete anos antes da Lei 10.639/03. Um histórico de vanguarda institucional.
CE: E com relação a eventuais diferenças pedagógicas entre as redes privada e pública?
AP: Na rede privada deve ser ainda mais difícil, porque as redes públicas recebem material, normativas, estão mais dispostas a ser interpeladas pelo Ministério Público. Esse controle social é mais difícil na rede privada.
CE: O fato de que precisamos de leis para evitar censuras pedagógicas de cunho racista evidencia que famílias, academia e sociedade falharam?
AP: Creio que não. Essa lei é fruto de demandas da própria sociedade, não é uma iniciativa do Estado. Podemos apontar os atores sociais que foram protagonistas da construção da lei: movimento negro, professores, intelectuais. Em pesquisas, encontrei a carta de princípios de 1978 do Movimento Negro Unificado, uma das organizações importantes que tivemos ainda no regime militar. Lá já havia uma reivindicação pela reavaliação do papel do negro na história do Brasil. Antes disso, em 1931, a Frente Negra já tinha criado escolas para ensinar outra história à população negra. O texto da lei foi apresentado por uma organização a um deputado e se transformou em lei. Antes disso havia outras tentativas no Congresso de parlamentares negros como Abdias do Nascimento, Paulo Paim e Benedita da Silva.
http://cartanaescola.com.br/single/show/246/historia-negra-escola-branca
http://meuprofessordehistoriamentiupramim.blogspot.com.br/2013/11/tudo-que-seu-professorzinho-do-mequi.html
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sábado, 16 de novembro de 2013
Nosso Racismo é um crime perfeito
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seg, 11/11/2013 - 13:44 - Atualizado em
12/11/2013 - 07:56
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Kabengele Munanga |
O antropólogo Kabengele Munanga fala
sobre o mito da democracia racial brasileira, a polêmica com Demétrio Magnoli e
o papel da mídia e da educação no combate ao preconceito no país
Por Camila Souza Ramos e Glauco
Faria
Fórum – O senhor veio do antigo
Zaire que, apesar de ter alguns pontos de contato com a cultura brasileira e a
cultura do Congo, é um país bem diferente. O senhor sentiu, quando veio pra cá,
a questão racial? Como foi essa mudança para o senhor?
Kabengele – Essas coisas não são tão
abertas como a gente pensa. Cheguei aqui em 1975, diretamente para a USP, para
fazer doutorado. Não se depara com o preconceito à primeira vista, logo que sai
do aeroporto. Essas coisas vêm pouco a pouco, quando se começa a descobrir que
você entra em alguns lugares e percebe que é único, que te olham e já sabem que
não é daqui, que não é como “nossos negros”, é diferente. Poderia dizer que
esse estranhamento é por ser estrangeiro, mas essa comparação na verdade é
feita em relação aos negros da terra, que não entram em alguns lugares ou não
entram de cabeça erguida.
Depois, com o tempo, na academia, fiz
disciplinas em antropologia e alguns de meus professores eram especialistas na
questão racial. Foi através da academia, da literatura, que comecei a descobrir
que havia problemas no país. Uma das primeiras aulas que fiz foi em 1975, 1976,
já era uma disciplina sobre a questão racial com meu orientador João Batista
Borges Pereira. Depois, com o tempo, você vai entrar em algum lugar em que está
sozinho e se pergunta: onde estão os outros? As pessoas olhavam mesmo,
inclusive olhavam mais quando eu entrava com minha mulher e meus filhos. Porque
é uma família inter-racial: a mulher branca, o homem negro, um filho negro e um
filho mestiço. Em todos os lugares em que a gente entrava, era motivo de
curiosidade. O pessoal tentava ser discreto, mas nem sempre escondia.
Entrávamos em lugares onde geralmente os negros não entram.
A partir daí você começa a buscar uma
explicação para saber o porquê e se aproxima da literatura e das aulas da
universidade que falam da discriminação racial no Brasil, os trabalhos de
Florestan Fernandes, do Otavio Ianni, do meu próprio orientador e de tantos
outros que trabalharam com a questão. Mas o problema é que quando a pessoa é
adulta sabe se defender, mas as crianças não. Tenho dois filhos que nasceram na
Bélgica, dois no Congo e meu caçula é brasileiro. Quantas vezes, quando estavam
sozinhos na rua, sem defesa, se depararam com a polícia?
Meus filhos estudaram em escola
particular, Colégio Equipe, onde estudavam filhos de alguns colegas
professores. Eu não ia buscá-los na escola, e quando saíam para tomar ônibus e
voltar para casa com alguns colegas que eram brancos, eles eram os únicos a ser
revistados. No entanto, a condição social era a mesma e estudavam no mesmo
colégio. Por que só eles podiam ser suspeitos e revistados pela polícia? Essa
situação eu não posso contar quantas vezes vi acontecer. Lembro que meu filho
mais velho, que hoje é ator, quando comprou o primeiro carro dele, não sei
quantas vezes ele foi parado pela polícia. Sempre apontando a arma para ele
para mostrar o documento. Ele foi instruído para não discutir e dizer que os
documentos estão no porta-luvas, senão podem pensar que ele vai sacar uma arma.
Na realidade, era suspeito de ser ladrão do próprio carro que ele comprou com o
trabalho dele. Meus filhos até hoje não saem de casa para atravessar a rua sem
documento. São adultos e criaram esse hábito, porque até você provar que não é
ladrão… A geografia do seu corpo não indica isso.
Então, essa coisa de pensar que a
diferença é simplesmente social, é claro que o social acompanha, mas e a
geografia do corpo? Isso aqui também vai junto com o social, não tem como
separar as duas coisas. Fui com o tempo respondendo à questão, por meio da
vivência, com o cotidiano e as coisas que aprendi na universidade, depoimentos
de pessoas da população negra, e entendi que a democracia racial é um mito.
Existe realmente um racismo no Brasil, diferenciado daquele praticado na África
do Sul durante o regime do apartheid, diferente também do racismo praticado nos
EUA, principalmente no Sul. Porque nosso racismo é, utilizando uma palavra bem
conhecida, sutil. Ele é velado. Pelo fato de ser sutil e velado isso não quer dizer
que faça menos vítimas do que aquele que é aberto. Faz vítimas de qualquer
maneira.
Revista Fórum – Quando você tem
um sistema como o sul-africano ou um sistema de restrição de direitos como
houve nos EUA, o inimigo está claro. No caso brasileiro é mais difícil
combatê-lo…
Kabengele – Claro, é mais difícil.
Porque você não identifica seu opressor. Nos EUA era mais fácil porque começava
pelas leis. A primeira reivindicação: o fim das leis racistas. Depois, se luta
para implementar políticas públicas que busquem a promoção da igualdade racial.
Aqui é mais difícil, porque não tinha lei nem pra discriminar, nem pra
proteger. As leis pra proteger estão na nova Constituição que diz que o racismo
é um crime inafiançável. Antes disso tinha a lei Afonso Arinos, de 1951. De
acordo com essa lei, a prática do racismo não era um crime, era uma
contravenção. A população negra e indígena viveu muito tempo sem leis nem para
discriminar nem para proteger.
Revista Fórum – Aqui no Brasil há
mais dificuldade com relação ao sistema de cotas justamente por conta do mito
da democracia racial?
Kabengele – Tem segmentos da população
a favor e contra. Começaria pelos que estão contra as cotas, que apelam para a
própria Constituição, afirmando que perante a lei somos todos iguais. Então não
devemos tratar os cidadãos brasileiros diferentemente, as cotas seriam uma
inconstitucionalidade. Outro argumento contrário, que já foi demolido, é a
ideia de que seria difícil distinguir os negros no Brasil para se beneficiar
pelas cotas por causa da mestiçagem. O Brasil é um país de mestiçagem, muitos
brasileiros têm sangue europeu, além de sangue indígena e africano, então seria
difícil saber quem é afro-descendente que poderia ser beneficiado pela cota.
Esse argumento não resistiu. Por quê? Num país onde existe discriminação
antinegro, a própria discriminação é a prova de que é possível identificar os
negros. Senão não teria discriminação.
Em comparação com outros países do
mundo, o Brasil é um país que tem um índice de mestiçamento muito mais alto.
Mas isso não pode impedir uma política, porque basta a autodeclaração. Basta um
candidato declarar sua afro-descendência. Se tiver alguma dúvida, tem que
averiguar. Nos casos-limite, o indivíduo se autodeclara afrodescendente. Às
vezes, tem erros humanos, como o que aconteceu na UnB, de dois jovens mestiços,
de mesmos pais, um entrou pelas cotas porque acharam que era mestiço, e o outro
foi barrado porque acharam que era branco. Isso são erros humanos. Se tivessem
certeza absoluta que era afro-descendente, não seria assim. Mas houve um
recurso e ele entrou. Esses casos-limite existem, mas não é isso que vai
impedir uma política pública que possa beneficiar uma grande parte da população
brasileira.
Além do mais, o critério de cota no
Brasil é diferente dos EUA. Nos EUA, começaram com um critério fixo e nato.
Basta você nascer negro. No Brasil não. Se a gente analisar a história, com
exceção da UnB, que tem suas razões, em todas as universidades brasileiras que
entraram pelo critério das cotas, usaram o critério étnico-racial combinado com
o critério econômico. O ponto de partida é a escola pública. Nos EUA não foi
isso. Só que a imprensa não quer enxergar, todo mundo quer dizer que cota é
simplesmente racial. Não é. Isso é mentira, tem que ver como funciona em todas
as universidades. É necessário fazer um certo controle, senão não adianta
aplicar as cotas. No entanto, se mantém a ideia de que, pelas pesquisas
quantitativas, do IBGE, do Ipea, dos índices do Pnud, mostram que o abismo em
matéria de educação entre negros e brancos é muito grande. Se a gente
considerar isso então tem que ter uma política de mudança. É nesse sentido que
se defende uma política de cotas.
O racismo é cotidiano na sociedade
brasileira. As pessoas que estão contra cotas pensam como se o racismo não
tivesse existido na sociedade, não estivesse criando vítimas. Se alguém
comprovar que não tem mais racismo no Brasil, não devemos mais falar em cotas
para negros. Deveríamos falar só de classes sociais. Mas como o racismo ainda
existe, então não há como você tratar igualmente as pessoas que são vítimas de
racismo e da questão econômica em relação àquelas que não sofrem esse tipo de
preconceito. A própria pesquisa do IPEA mostra que se não mudar esse quadro, os
negros vão levar muitos e muitos anos para chegar aonde estão os brancos em
matéria de educação. Os que são contra cotas ainda dão o argumento de que
qualquer política de diferença por parte do governo no Brasil seria uma
política de reconhecimento das raças e isso seria um retrocesso, que teríamos
conflitos, como os que aconteciam nos EUA.
Fórum – Que é o argumento do
Demétrio Magnoli.
Kabengele – Isso é muito falso, porque
já temos a experiência, alguns falam de mais de 70 universidades públicas,
outros falam em 80. Já ouviu falar de conflitos raciais em algum lugar,
linchamentos raciais? Não existe. É claro que houve manifestações numa
universidade ou outra, umas pichações, “negro, volta pra senzala”. Mas isso não
se caracteriza como conflito racial. Isso é uma maneira de horrorizar a população,
projetar conflitos que na realidade não vão existir.
Fórum – Agora o DEM entrou com
uma ação no STF pedindo anulação das cotas. O que motiva um partido como o DEM,
qual a conexão entre a ideologia de um partido ou um intelectual como o Magnoli
e essa oposição ao sistema de cotas? Qual é a raiz dessa resistência?
Kabengele – Tenho a impressão que as
posições ideológicas não são explícitas, são implícitas. A questão das cotas é
uma questão política. Tem pessoas no Brasil que ainda acreditam que não há
racismo no país. E o argumento desse deputado do DEM é esse, de que não há
racismo no Brasil, que a questão é simplesmente socioeconômica. É um ponto de
vista refutável, porque nós temos provas de que há racismo no Brasil no
cotidiano. O que essas pessoas querem? Status quo. A ideia de que o Brasil vive
muito bem, não há problema com ele, que o problema é só com os pobres, que não
podemos introduzir as cotas porque seria introduzir uma discriminação contra os
brancos e pobres. Mas eles ignoram que os brancos e pobres também são
beneficiados pelas cotas, e eles negam esse argumento automaticamente, deixam
isso de lado.
Fórum – Mas isso não é um cinismo
de parte desses atores políticos, já que eles são contra o sistema de cotas,
mas também são contra o Bolsa-Família ou qualquer tipo de política
compensatória no campo socioeconômico?
Kabengele – É interessante, porque um
país que tem problemas sociais do tamanho do Brasil deveria buscar caminhos de
mudança, de transformação da sociedade. Cada vez que se toca nas políticas
concretas de mudança, vem um discurso. Mas você não resolve os problemas
sociais somente com a retórica. Quanto tempo se fala da qualidade da escola
pública? Estou aqui no Brasil há 34 anos. Desde que cheguei aqui, a escola
pública mudou em algum lugar? Não, mas o discurso continua. “Ah, é só mudar a
escola pública.” Os mesmos que dizem isso colocam os seus filhos na escola
particular e sabem que a escola pública é ruim. Poderiam eles, como
autoridades, dar melhor exemplo e colocar os filhos deles em escola pública e
lutar pelas leis, bom salário para os educadores, laboratórios, segurança. Mas
a coisa só fica no nível da retórica.
E tem esse argumento legalista, “porque
a cota é uma inconstitucionalidade, porque não há racismo no Brasil”. Há juristas
que dizem que a igualdade da qual fala a Constituição é uma igualdade formal,
mas tem a igualdade material. É essa igualdade material que é visada pelas
políticas de ação afirmativa. Não basta dizer que somos todos iguais. Isso é
importante, mas você tem que dar os meios e isso se faz com as políticas
públicas. Muitos disseram que as cotas nas universidades iriam atingir a
excelência universitária. Está comprovado que os alunos cotistas tiveram um
rendimento igual ou superior aos outros. Então a excelência não foi
prejudicada. Aliás, é curioso falar de mérito como se nosso vestibular fosse
exemplo de democracia e de mérito. Mérito significa simplesmente que você
coloca como ponto de partida as pessoas no mesmo nível.
Quando as pessoas não são iguais, não
se pode colocar no ponto de partida para concorrer igualmente. É como você
pegar uma pessoa com um fusquinha e outro com um Mercedes, colocar na mesma
linha de partida e ver qual o carro mais veloz. O aluno que vem da escola
pública, da periferia, de péssima qualidade, e o aluno que vem de escola
particular de boa qualidade, partindo do mesmo ponto, é claro que os que vêm de
uma boa escola vão ter uma nota superior. Se um aluno que vem de um Pueri
Domus, Liceu Pasteur, tira nota 8, esse que vem da periferia e tirou nota 5
teve uma caminhada muito longa. Essa nota 5 pode ser mais significativa do que
a nota 7 ou 8. Dando oportunidade ao aluno, ele não vai decepcionar.
Foi isso que aconteceu, deram
oportunidade. As cotas são aplicadas desde 2003. Nestes sete anos, quantos
jovens beneficiados pelas cotas terminaram o curso universitário e quantos anos
o Brasil levaria para formar o tanto de negros sem cotas? Talvez 20 ou mais.
Isso são coisas concretas para as quais as pessoas fecham os olhos. No artigo do
professor Demétrio Magnoli, ele me critica, mas não leu nada. Nem uma linha de
meus livros. Simplesmente pegou o livro da Eneida de Almeida dos Santos,
Mulato, negro não-negro e branco não-branco que pediu para eu fazer uma
introdução, e desta introdução de três páginas ele tirou algumas frases e, a
partir dessas frases, me acusa de ser um charlatão acadêmico, de professar o
racismo científico abandonado há mais de um século e fazer parte de um projeto
de racialização oficial do Brasil. Nunca leu nada do que eu escrevi.
A autora do livro é mestiça, psiquiatra
e estuda a dificuldade que os mestiços entre branco e negro têm pra construir a
sua identidade. Fiz a introdução mostrando que eles têm essa dificuldade
justamente por causa de serem negros não-negros e brancos não-brancos. Isso
prejudica o processo, mas no plano político, jurídico, eles não podem ficar
ambivalentes. Eles têm que optar por uma identidade, têm que aceitar sua
negritude, e não rejeitá-la. Com isso ele acha que eu estou professando a supressão
dos mestiços no Brasil e que isso faz parte do projeto de racialização do
brasileiro. Não tinha nada para me acusar, soube que estou defendendo as cotas,
tirou três frases e fez a acusação dele no jornal.
Fórum – O senhor toca na questão
do imaginário da democracia racial, mas as pessoas são formadas para aceitarem
esse mito…
Kabengele – O racismo é uma ideologia.
A ideologia só pode ser reproduzida se as próprias vítimas aceitam, a
introjetam, naturalizam essa ideologia. Além das próprias vítimas, outros
cidadãos também, que discriminam e acham que são superiores aos outros, que têm
direito de ocupar os melhores lugares na sociedade. Se não reunir essas duas
condições, o racismo não pode ser reproduzido como ideologia, mas toda educação
que nós recebemos é para poder reproduzi-la.
Há negros que introduziram isso, que
alienaram sua humanidade, que acham que são mesmo inferiores e o branco tem
todo o direito de ocupar os postos de comando. Como também tem os brancos que
introjetaram isso e acham mesmo que são superiores por natureza. Mas para você
lutar contra essa ideia não bastam as leis, que são repressivas, só vão punir.
Tem que educar também. A educação é um instrumento muito importante de mudança
de mentalidade e o brasileiro foi educado para não assumir seus preconceitos. O
Florestan Fernandes dizia que um dos problemas dos brasileiros é o “preconceito
de ter preconceito de ter preconceito”. O brasileiro nunca vai aceitar que é
preconceituoso. Foi educado para não aceitar isso. Como se diz, na casa de
enforcado não se fala de corda.
Quando você está diante do negro, dizem
que tem que dizer que é moreno, porque se disser que é negro, ele vai se sentir
ofendido. O que não quer dizer que ele não deve ser chamado de negro. Ele tem
nome, tem identidade, mas quando se fala dele, pode dizer que é negro, não
precisa branqueá-lo, torná-lo moreno. O brasileiro foi educado para se
comportar assim, para não falar de corda na casa de enforcado. Quando você pega
um brasileiro em flagrante de prática racista, ele não aceita, porque não foi
educado para isso. Se fosse um americano, ele vai dizer: “Não vou alugar minha
casa para um negro”. No Brasil, vai dizer: “Olha, amigo, você chegou tarde,
acabei de alugar”. Porque a educação que o americano recebeu é pra assumir suas
práticas racistas, pra ser uma coisa explícita.
Quando a Folha de S. Paulo fez aquela
pesquisa de opinião em 1995, perguntaram para muitos brasileiros se existe
racismo no Brasil. Mais de 80% disseram que sim. Perguntaram para as mesmas
pessoas: “você já discriminou alguém?”. A maioria disse que não. Significa que
há racismo, mas sem racistas. Ele está no ar… Como você vai combater isso?
Muitas vezes o brasileiro chega a dizer ao negro que reage: “você que é
complexado, o problema está na sua cabeça”. Ele rejeita a culpa e coloca na
própria vítima. Já ouviu falar de crime perfeito? Nosso racismo é um crime
perfeito, porque a própria vítima é que é responsável pelo seu racismo, quem
comentou não tem nenhum problema.
Revista Fórum – O humorista
Danilo Gentilli escreveu no Twitter uma piada a respeito do King Kong,
comparando com um jogador de futebol que saía com loiras. Houve uma reação
grande e a continuação dos argumentos dele para se justificar vai ao encontro
disso que o senhor está falando. Ele dizia que racista era quem acusava ele, e
citava a questão do orgulho negro como algo de quem é racista.
Kabengele – Faz parte desse imaginário.
O que está por trás dessa ilustração de King Kong, que ele compara a um jogador
de futebol que vai casar com uma loira, é a ideia de alguém que ascende na vida
e vai procurar sua loira. Mas qual é o problema desse jogador de futebol? São
pessoas vítimas do racismo que acham que agora ascenderam na vida e, para
mostrar isso, têm que ter uma loira que era proibida quando eram pobres? Pode
até ser uma explicação. Mas essa loira não é uma pessoa humana que pode dizer
não ou sim e foi obrigada a ir com o King Kong por causa de dinheiro? Pode ser,
quantos casamentos não são por dinheiro na nossa sociedade? A velha burguesia
só se casa dentro da velha burguesia. Mas sempre tem pessoas que desobedecem as
normas da sociedade.
Essas jovens brancas, loiras, também
pulam a cerca de suas identidades pra casar com um negro jogador. Por que a
corda só arrebenta do lado do jogador de futebol? No fundo, essas pessoas não
querem que os negros casem com suas filhas. É uma forma de racismo. Estão
praticando um preconceito que não respeita a vontade dessas mulheres nem essas
pessoas que ascenderam na vida, numa sociedade onde o amor é algo sem
fronteiras, e não teria tantos mestiços nessa sociedade. Com tudo o que
aconteceu no campo de futebol com aquele jogador da Argentina que chamou o
Grafite de macaco, com tudo o que acontece na Europa, esse humorista faz uma
ilustração disso, ou é uma provocação ou quer reafirmar os preconceitos na
nossa sociedade.
Fórum – É que no caso, o Danilo
Gentili ainda justificou sua piada com um argumento muito simplório: “por que
eu posso chamar um gordo de baleia e um negro de macaco”, como se fosse a mesma
coisa.
Kabengele – É interessante isso, porque
tenho a impressão de que é um cara que não conhece a história e o orgulho negro
tem uma história. São seres humanos que, pelo próprio processo de colonização,
de escravidão, a essas pessoas foi negada sua humanidade. Para poder se
recuperar, ele tem que assumir seu corpo como negro. Se olhar no espelho e se
achar bonito ou se achar feio. É isso o orgulho negro. E faz parte do processo
de se assumir como negro, assumir seu corpo que foi recusado. Se o humorista
conhecesse isso, entenderia a história do orgulho negro. O branco não tem
motivo para ter orgulho branco porque ele é vitorioso, está lá em cima. O outro
que está lá em baixo que deve ter orgulho, que deve construir esse orgulho para
poder se reerguer.
Fórum – O senhor tocou no caso do
Grafite com o Desábato, e recentemente tivemos, no jogo da Libertadores entre
Cruzeiro e Grêmio, o caso de um jogador que teria sido chamado de macaco por
outro atleta. Em geral, as pessoas – jornalistas que comentaram, a diretoria
gremista – argumentavam que no campo de futebol você pode falar qualquer coisa,
e que se as pessoas fossem se importar com isso, não teria como ter jogo de
futebol. Como você vê esse tipo de situação?
Kabengele – Isso é uma prova daquilo
que falei, os brasileiros são educados para não assumir seus hábitos, seu
racismo. Em outros países, não teria essa conversa de que no campo de futebol
vale. O pessoal pune mesmo. Mas aqui, quando se trata do negro… Já ouviu caso
contrário, de negro que chama branco de macaco? Quando aquele delegado prendeu
o jogador argentino no caso do Grafite, todo mundo caiu em cima. Os técnicos,
jornalistas, esportistas, todo mundo dizendo que é assim no futebol. Então a
gente não pode educar o jogador de futebol, tudo é permitido? Quando há
violência física, eles são punidos, mas isso aqui é uma violência também, uma
violência simbólica. Por que a violência simbólica é aceita a violência física
é punida?
Fórum – Como o senhor vê hoje a
aplicação da lei que determina a obrigatoriedade do ensino de cultura africana
nas escolas? Os professores, de um modo geral, estão preparados para lidar com
a questão racial?
Kabengele – Essa lei já foi objeto de
crítica das pessoas que acham que isso também seria uma racialização do Brasil.
Pessoas que acham que, sendo a população brasileira uma população mestiça, não
é preciso ensinar a cultura do negro, ensinar a história do negro ou da África.
Temos uma única história, uma única cultura, que é uma cultura mestiça. Tem
pessoas que vão nessa direção, pensam que isso é uma racialização da educação
no Brasil.
Mas essa questão do ensino da
diversidade na escola não é propriedade do Brasil. Todos os países do mundo
lidam com a questão da diversidade, do ensino da diversidade na escola, até os
que não foram colonizadores, os nórdicos, com a vinda dos imigrantes, estão
tratando da questão da diversidade na escola.
O Brasil deveria tratar dessa questão
com mais força, porque é um país que nasceu do encontro das culturas, das
civilizações. Os europeus chegaram, a população indígena – dona da terra – os
africanos, depois a última onda imigratória é dos asiáticos. Então tudo isso
faz parte das raízes formadoras do Brasil que devem fazer parte da formação do
cidadão. Ora, se a gente olhar nosso sistema educativo, percebemos que a
história do negro, da África, das populações indígenas não fazia parte da
educação do brasileiro.
Nosso modelo de educação é
eurocêntrico. Do ponto de vista da historiografia oficial, os portugueses chegaram
na África, encontraram os africanos vendendo seus filhos, compraram e levaram
para o Brasil. Não foi isso que aconteceu. A história da escravidão é uma
história da violência. Quando se fala de contribuições, nunca se fala da
África. Se se introduzir a história do outro de uma maneira positiva, isso
ajuda.
É por isso que a educação, a introdução
da história dele no Brasil, faz parte desse processo de construção do orgulho
negro. Ele tem que saber que foi trazido e aqui contribuiu com o seu trabalho,
trabalho escravizado, para construir as bases da economia colonial brasileira.
Além do mais, houve a resistência, o negro não era um João-Bobo que
simplesmente aceitou, senão a gente não teria rebeliões das senzalas, o
Quilombo dos Palmares, que durou quase um século. São provas de resistência e
de defesa da dignidade humana. São essas coisas que devem ser ensinadas. Isso
faz parte do patrimônio histórico de todos os brasileiros. O branco e o negro
têm que conhecer essa história porque é aí que vão poder respeitar os outros.
Voltando a sua pergunta, as
dificuldades são de duas ordens. Em primeiro lugar, os educadores não têm
formação para ensinar a diversidade. Estudaram em escolas de educação
eurocêntrica, onde não se ensinava a história do negro, não estudaram história
da África, como vão passar isso aos alunos? Além do mais, a África é um
continente, com centenas de culturas e civilizações. São 54 países
oficialmente. A primeira coisa é formar os educadores, orientar por onde
começou a cultura negra no Brasil, por onde começa essa história. Depois dessa
formação, com certo conteúdo, material didático de boa qualidade, que nada tem
a ver com a historiografia oficial, o processo pode funcionar.
Fórum – Outra questão que se
discute é sobre o negro nos espaços de poder. Não se veem negros como
prefeitos, governadores. Como trabalhar contra isso?
Kabengele – O que é um país
democrático? Um país democrático, no meu ponto de vista, é um país que reflete
a sua diversidade na estrutura de poder. Nela, você vê mulheres ocupando cargos
de responsabilidade, no Executivo, no Legislativo, no Judiciário, assim como no
setor privado. E ainda os índios, que são os grandes discriminados pela
sociedade. Isso seria um país democrático. O fato de você olhar a estrutura de
poder e ver poucos negros ou quase não ver negros, não ver mulheres, não ver
índios, isso significa que há alguma coisa que não foi feita nesse país. Como
construção da democracia, a representatividade da diversidade não existe na
estrutura de poder. Por quê?
Se você fizer um levantamento no campo
jurídico, quantos desembargadores e juízes negros têm na sociedade brasileira?
Se você for pras universidades públicas, quantos professores negros tem,
começando por minha própria universidade? Esta universidade tem cerca de 5 mil
professores. Quantos professores negros tem na USP? Nessa grande faculdade, que
é a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), uma das maiores
da USP junto com a Politécnica, tenho certeza de que na minha faculdade fui o
primeiro negro a entrar como professor. Desde que entrei no Departamento de
Antropologia, não entrou outro. Daqui três anos vou me aposentar. O professor
Milton Santos, que era um grande professor, quase Nobel da Geografia, entrou no
departamento, veio do exterior e eu já estava aqui. Em toda a USP, não sou
capaz de passar de dez pessoas conhecidas. Pode ter mais, mas não chega a 50,
exagerando. Se você for para as grandes universidades americanas, Harvard,
Princeton, Standford, você vai encontrar mais negros professores do que no
Brasil. Lá eles são mais racistas, ou eram mais racistas, mas como explicar
tudo isso?
120 anos de abolição. Por que não houve
uma certa mobilidade social para os negros chegarem lá? Há duas explicações: ou
você diz que ele é geneticamente menos inteligente, o que seria uma explicação
racista, ou encontra explicação na sociedade. Quer dizer que se bloqueou a sua
mobilidade. E isso passa por questão de preconceito, de discriminação racial.
Não há como explicar isso. Se você entender que os imigrantes japoneses
chegaram, nós comemoramos 100 anos recentemente da sua vinda, eles tiveram uma
certa mobilidade. Os coreanos também ocupam um lugar na sociedade. Mas os
negros já estão a 120 anos da abolição. Então tem uma explicação. Daí a
necessidade de se mudar o quadro. Ou nós mantemos o quadro, porque se não
mudamos estamos racializando o Brasil, ou a gente mantém a situação para
mostrar que não somos racistas. Porque a explicação é essa, se mexer, somos
racistas e estamos racializando. Então vamos deixar as coisas do jeito que
estão. Esse é o dilema da sociedade.
Revista Fórum – como o senhor vê
o tratamento dado pela mídia à questão racial?
Kabengele – A imprensa faz parte da
sociedade. Acho que esse discurso do mito da democracia racial é um discurso
também que é absorvido por alguns membros da imprensa. Acho que há uma certa
tendência na imprensa pelo fato de ser contra as políticas de ação afirmativa,
sendo que também não são muito favoráveis a essa questão da obrigatoriedade do
ensino da história do negro na escola.
Houve, no mês passado, a II Conferência
Nacional de Promoção da Igualdade Racial. Silêncio completo da imprensa
brasileira. Não houve matérias sobre isso. Os grandes jornais da imprensa
escrita não pautaram isso. O silêncio faz parte do dispositivo do racismo
brasileiro. Como disse Elie Wiesel, o carrasco mata sempre duas vezes. A
segunda mata pelo silêncio. O silêncio é uma maneira de você matar a
consciência de um povo. Porque se falar sobre isso abertamente, as pessoas vão
buscar saber, se conscientizar, mas se ficar no silêncio a coisa morre por aí.
Então acho que o silêncio da imprensa, no meu ponto de vista, passa por essa
estratégia, é o não-dito.
Acabei de passar por uma experiência
interessante. Saí da Conferência Nacional e fui para Barcelona, convidado por
um grupo de brasileiros que pratica capoeira. Claro, receberam recursos do
Ministério das Relações Exteriores, que pagou minha passagem e a estadia. Era
uma reunião pequena de capoeiristas e fiz uma conferência sobre a cultura negra
no Brasil. Saiu no El Pais, que é o jornal mais importante da Espanha, noticiou
isso, uma coisa pequena. Uma conferência nacional deste tamanho aqui não se
fala. É um contrassenso. O silêncio da imprensa não é um silêncio neutro, é um
silêncio que indica uma certa orientação da questão racial. Tem que não dizer
muita coisa e ficar calado. Amanhã não se fala mais, acabou.
Essa matéria é parte integrante
da edição impressa da Fórum de agosto.
http://jornalggn.com.br/noticia/nosso-racismo-e-um-crime-perfeito
Veja mais:
http://www.youtube.com/watch?v=-hDCCaKPFZk#t=135
Veja mais:
http://www.youtube.com/watch?v=-hDCCaKPFZk#t=135
terça-feira, 5 de novembro de 2013
"Insiders" na Academia: Simpósio Internacional da ABHR/USP.
É com muita alegria que partilho o vídeo das apresentações no Simpósio Internacional da ABHR, realizado na USP nesta última semana.
Eu e meu marido apresentamos nossos artigos, e assistimos diversos amigos fazendo o mesmo. Somos os "insiders" da Umbanda dentro da Academia. Que orgulho em dizer isso!
E não posso deixar de agradecer eternamente a meu mestre Pai Rivas. Ao longo destes anos, ao acobertar-nos sob sua mandala iluminada, permitiu-nos o aprendizado diário e o crescimento pessoal e coletivo. Minha gratidão por esta oportunidade nesta vida, e por todas as outras recebidas nas inúmeras vidas anteriores. Minha gratidão eterna ao Caboclo Urubatão da Guia, Caboclo 7 Espadas, Caboclo Cobra Coral, Pai Joaquim, e Exu Sr. 7 Encruzilhadas e Exu Sr. Capa Preta. Sem eles, meu Ori estaria perdido.
E que a Iniciação se faça e continue no dia a dia do terreiro. E que ela transborde em produtividade acadêmica e espiritual.
Agradeço também às Santas Almas do Cruzeiro Divino, representadas por todas as entidades que militam nesta vibratória, nas figuras dos Caboclos, Crianças, Pretos Velhos e Exus. Sem a proteção deles, desde antes da concepção, não teria conseguido chegar até aqui. Que eu me torne útil ao Astral Superior. Que isto pese positivamente na balança do meu Karma.
Saravá, Axé, Motumbá, Kolofé, Mucuiu, Aranauam!
Livros lançados pelos Insiders da OICD, por meio da Editora Arché, no Simpósio Internacional da ABHR/USP. Paó a todos os autores!
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