domingo, 24 de maio de 2009

Mudanças Estruturais

"Quem se defende porque lhe tiram o ar
Ao lhe apertar a garganta, para este há um parágrafo
Que diz: ele agiu em legítima defesa. Mas
O mesmo parágrafo silencia quando você se defende porque lhes tiram o pão.
E no entanto morre quem não come, e quem não come
o suficiente morre lentamente.
Durante os anos todos em que morre não lhe é permitido se defender."
(Quem se defende - Bertold Brecht)

No poema Quem se Defende de Bertold Brecht vemos exposta explicitamente a angústia daqueles que vivem na miséria.
O autor traça um comparativo acerca do direito de defender a própria vida com a necessidade de se alimentar. Interroga ele por que é dado o direito de auto-defesa da vida nos tribunais, mas não lhe é dado o direito de se alimentar, ou de defender-se quando não tem comida.
Propõe ele uma violação do direito de Propriedade para saciar a fome dos que vivem na miséria? Propõe ele romper com a organização social instalada?
É obvio que quem não come adequadamente não tem condições para lutar por Educação e sendo assim, não consegue ocupar cargos de trabalho que lhe dê condições dignas de sua subsistência e de sua família. Mantê-los na miséria é a mesma coisa que manter a imobilidade social, e a desestimular a luta social por mudanças. É a famosa manutenção do status quo.
Mas como ajudar a resolver tal paradigma sem promover uma geração de dependentes sociais? Como promover a melhoria de sua situação sem mantê-los mais uma vez escravizados aos incentivos sociais distribuídos pelo Estado (Bolsa familia, p.ex.)?
Se é verdade que os incentivos sociais diminuem os conflitos na base da pirâmide social, também é verdade que diminui o interesse pela luta social. Não devemos nunca nos esquecer da famosa política "Pão e Circo", tão antiga e tão atual.
Até quando manteremos essa política, sem mudanças realmente verdadeiras?
Precisamos de mudanças estruturais. Chega de políticas emergenciais!
Claro que devemos matar a fome daquele que a tem. Mas esta não deve ser desculpa para adiarmos ainda mais as mudanças necessárias no paradigma social.
Saúde e Educação são apenas as primeiras portas que devem ser abertas. E nem mesmo essas o foram até hoje. Basta ler as Diretrizes do Banco Mundial para a década de 90 e início do século XXI na América Latina. Vamos continuar fingindo que nossas crianças vão à escola, que não são analfabetas, se quando terminam o colegial não sabem ler um bilhete simples, ou fazer as funções básicas de matemática como somar, multiplicar, diminuir e dividir? Que geração estamos produzindo, a de analfabetos funcionais?

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