domingo, 22 de julho de 2018

A Alma da Palavra


Podemos ver na “Linguagem dos pássaros” (Farid Ud-din Attar), ensinada a David e a seus herdeiros que a mesma é antes de tudo o Bem Supremo, o Dom que permite novamente ao Homem o acesso aos estados superiores do Ser, ou conforme outra acepção, aos estados angélicos.
É de fato notável, em todas as tradições, a associação entre pássaros e anjos. E não é senão com a finalidade de alcançar os estados angélicos, a realização espiritual, que o homem se instrui nesta linguagem, que alude diretamente ao canto, à música, ao ritmo e à sua expressão mais pura, o número – todos os elementos que constituem, segundo as tradições, a ciência primordial que possibilita ao homem compreender em si mesmo, ao mundo e às criaturas na proporcionalidade que mantém entre si e também com sua essência ou origem.
O conhecimento dessa linguagem é indicativa de uma alta iniciação, e a fala ritmada é a sua expressão no mundo sensível. É esse o motivo de todos os textos e escritos sagrados estarem calcados no metro e na rima poética. O nome Corão, por exemplo, quer dizer, precisamente, recitação. Entre os gregos a poesia era designada a linguagem dos deuses, isto é, afirmava-se nitidamente a natureza essencial da rima poética como expressão do divino.
No ritmo, a contiguidade entre o vazio e o cheio é o que conta para penetração do sagrado, inaugurado no silêncio entre um falar e outro. Assim, nas tradições orais, o contar algo importante sempre se reveste de uma pulsação, não se limita a um discurso, a uma exposição, mas, toma a forma de recitação, de um canto, de uma performance, o corpo passa a ser um livro, a remontar um enredo...
“Quando as musas abrem a teogonia de Hesíodo, elas, as forças do cantar, pelo seu canto presentificam o mundo, o in-vocam, chamam-no para si, permitindo que ele seja passível de admiração, ou seja, constituem o milagre primeiro, aquele da existência...”
Esta forma de transmissão do saber obedece como dissemos anteriormente a ciclos e ritmos, ou seja, o ritmo e número. A raiz da palavra grega “Aritmos” para número, liga-se ao latim “Ritus”, envolvendo a ideia de ritmo. O significado primitivo de “Aritmus é ajuste, arranjo, boa disposição, ordem “do latim ordo, que equivale ao sânscrito Rita que partilha da mesma raiz de Aritmus”, e quando Aritmus é traduzido por número, este deve ser entendido não só como quantidade mas também por harmonia, proporção e conjunto, ou seja, o ritmo quer traduzir espacialmente como na arquitetura, quer nos sons, como na música (ver Saint-Yves d’Alveydre).
Vamos ver tudo isso também no “Trivium” – lógica, retórica, gramática – que formam par com o “Quadrivium” de natureza mais matemática.
Da mesma forma que o radical KRI no sânscrito significa ação, fazer e dela derivou o latim Creare, a poesia deriva do grego Poein, que também significa fazer, criar, o que faz aquele que a utiliza (o poeta iniciador), ao cantar ou falar, um coprodutor daquilo que é cantado ou falado. Nós ocidentais utilizamos a expressão sem invocação, não colocamos alma nas palavras que proferimos, tal qual a torre babélica que ilustra a situação de expressão por si só. A torre é dividida em andares mostrando os planos de realidade em que nos encontramos. Enquanto símbolo, a torre nos remete para a estrutura íntima da realidade estratificada segundo os graus de existência que medem tantos passos quanto damos ao transpor à “PORTA DE DEUS” (do acádio BAB-ILI).
O termo Babel em hebraico significa confusão das letras BBL (confusium linguarum, em latim). A torre de Babel é o símbolo máximo da verticalidade destruída, apenas afirmada e nunca suspensa, pois se existe planos de realidade existe também a comunicação entre estes e, quando esta é relegada, a própria hierarquia perde a sua inteligibilidade. Instala-se assim a confusão (BBL). Por isso falamos exaustivamente na tradição oral. Esta mesma que não possui amarrações, livros ou hierarquias estratificadas, e que podem sofrer enrijecimento conforme o transito entre os “andares”.
A linguagem dos pássaros, bem como a tradição oral afro-brasileira, passa de um lado a outro, tal como o vôo dos pássaros, sem prisões, sem obstáculos, pois a linguagem é do espírito, da essência, e assim transita tal qual o vento, de um lado ao outro...

Mestre Ygbere
Ordem Iniciática do Tríplice Caminho – Templo do Caboclo 7 Ondas

domingo, 8 de julho de 2018

Retomada do Atendimento Público na OITC-Templo do Caboclo 7 Ondas.

Fonte: Fundamentos Hermé-
ticos de Umbanda
Ontem, exatamente no dia 07/07/2018, reiniciamos nossas atividades na Ordem Iniciatica do Triplice Caminho - Templo do Caboclo 7 Ondas. Após o luto ritual de 30 dias pelo desencarne de nosso Pai Espiritual Francisco Rivas Neto (Mestre Yamunishida Arapiaga - Pai Rivas/Rivas Ti Oguian).
Foi nosso primeiro rito sem a presença carnal do nosso mestre, sem a cobertura de sua Mandala. 
Embora o vazio deixado por sua ausência física, sua presença espiritual era sentida e guardada com muito carinho. Os pontos cantados, as orações, as incorporações... tudo lembrando o compromisso assumido com nosso mestre durante toda a nossa caminhada ao lado dele, e principalmente nos últimos meses de sua vida neste plano, durante a organização do Templo, com seu envolvimento direto e diário, com cada detalhe, com cada pemba, e até escolhendo seu nome. Todas as mensagens trocadas via whatsapp e facebook, devidamente guardadas e registradas, hoje nos servem de estímulo para continuar nosso compromisso com o Astral Superior. 
Ontem foi um dia memorável. A assistência estava cheia. Os Caboclos presentes atenderam a todos. Exus poderosos encerraram a gira, limpando e direcionando todos os caminhos. E no final, o que mais me impressionou foi perceber o brilho nos olhos dos consulentes, felizes e esperançosos. Os cambonos, com olhos mareados, descreviam os atendimentos, os ensinamentos ouvidos de todas as entidades, e se mostravam agradecidos pela oportunidade de trabalho com a Santas Almas do Cruzeiro Divino.
Ontem, pude perceber como as pessoas sofrem, como suas dores as atordoam e as algemam em amargura, revolta e inação. Há muito por fazer! 
Enfim, gratidão sempre! 

* 07/07/2018: 7+7+2+1+8: 7 
7 é um número relacionado a perfeição por Pitágoras. Místico e Sagrado:
7 virtudes: caridade, esperança, fé, força, justiça, prudência e temperaça.
7 pecados capitais: avareza, gula, inveja, ira, luxúria, preguiça e soberba.
7 notas musicais (7 escalas, 7 pausas e 7 valores): do, ré, mi, fá, sol, lá, si.
7 cores do arco-íris.
7 maravilhas do mundo.
7 arcanjo: Ezequiel, Gabriel, Jofiel, Miguel, Rafael, Samuel e Uriel.
7 glândulas endócrinas: Hipófise, pâncreas, paratireóides, sexuais, supra-renais, timo e tireóide.
7 chacras: Coronal, Frontal, laríngeo, cardíaco, gástrico, esplênico, básico.
7 leis universais: Amor, correspondência, evolução, harmonia, manifestação, natureza e polaridade.
7 dias em cada fase da lua.
7 dias para a criação do mundo.
7 no Apocalipse: João cita 7 estrelas, 7 cornos, 7 igrejas, 7 anjos, 7 coroas, 7 candelabros, 7 trovões, 7 selos, 7 Espíritos, 7 Anjos, 7 Trombetas, 7 cabeças da Besta,  7 Candeeiros, 7 lâmpadas,  ...)
7 mensageiros no mundo: Zoroastro (Zaratustra), Krishna, Lao-Tsé, Confúcio, Buda, Moisés, Jesus. 
7 dias é o tempo que dura o estado intermediário entre a vida e a morte, segundo a tradição japonesa e tibetana.
7 sentidos esotéricos, segundo o Al Corão.
7 dá vida e movimento, segundo Hipócrates.
7 era um número consagrado para o deus Mitra persa (Sol).
7 seria de onde se gerou a Alma do mundo: anima mundana (Timeu - Platão).
7 sábios na Grécia Antiga.
7 era mencionado frequentemente na tradição sânscrita.
7 era frequentemente encontrado nas tabuletas assírias (7 deuses do céu, 7 deuses da terra).
7 era sagrado para os Caldeus.
7 são as vibrações dos Orixás (os 7 Espíritos de Deus).
7 é o número da expansão e centralização da Unidade.
7 forças fenomênicas.
7 vogais.
7 cores do espectro solar.
7 pães do cesto de Cristo.
7 passos mais penosos de Jesus.
7 palavras pronunciadas no alto da Cruz
7 pedidos do Pai Nosso.
7 cabeças da Hidra de Lerna.
7 válvulas abertas de nossa cabeça.
7 degraus da maçonaria.
7 em 7 são as fases do homem (da infância `a velhice).
7 contém  Ternário e o Quaternário, (3 + 4), e dessa união surgiu a Síntese Universal ou as Variantes da Unidade, que constitui o Sagrado Setenário.  
7 é o único número da década que não é gerador nem gerado.
Enfim, recomeçar justamente no 7, traz bons augúrios e esperança em tempos mais alvissareiros. 
Que as Santas Almas do Cruzeiro Divino nos abençõem e permitam que nossa caminhada seja a mais tranquila e serena possível.


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