sábado, 20 de março de 2010

Revista Época publica polêmico artigo sobre o Santo Daime!

20/03/2010
O doido, o daime e o crime (trecho)


Qual é a relação entre o consumo religioso da ayahuasca e o comportamento psicótico do assassino do cartunista Glauco?

Humberto Maia Junior, Ana Aranha, Rafael Pereira e Juliana Arini Com Alexandre Mansur, Eliseu Barreira, Leopoldo Mateus e Naiara Lemos
 
 

Na madrugada de 1º de janeiro de 2010, o comerciante Carlos Grecchi Nunes recebeu uma ligação de seu filho mais velho, de 24 anos:
 

– Pai, eu tô morrendo, me salva.

Nunes, que mora em Goiânia e estava em São Paulo para passar as festas de fim de ano com a família, tentou conversar com o rapaz, mas ele estava desorientado. Aos poucos, com dificuldade, conseguiu entender que o filho estava dentro do carro, parado numa estrada de terra próximo à igreja Céu de Maria, um dos locais de culto do santo-daime, religião criada em torno de uma droga alucinógena de origem amazônica conhecida como ayahuasca. A igreja fica em Osasco, na Grande São Paulo. Nunes pegou o carro e foi em busca do filho. Quando chegou à igreja, diz ele, um homem contou que seu filho tinha deixado o local de carro:

– Estava muito pilhado e foi embora.

– Mas como você deixa o rapaz sair desse jeito de carro? – disse o pai.

– Não há problema. Deus está com ele.

Nunes diz que refez o caminho e, seguindo a orientação de um morador, encontrou o filho. “Tive de quebrar a janela do carro para chegar a ele”, afirma. “Ele tinha urinado e defecado. Estava suando, babava e tremia muito. O celular estava na mão dele, mas ele não conseguia atender às várias ligações que eu tinha feito.

– Tô morrendo, pai, tô morrendo – repetia o rapaz.

Nunes ligou para seu outro filho e pediu ajuda. Horas depois, Cadu – como todos chamavam Carlos Eduardo Sundfeld Nunes – estava mais calmo. Diante da melhora, o pai não o encaminhou ao hospital. Nem insistiu em interná-lo numa clínica psiquiátrica, embora Cadu já tivesse dado sinais de perturbação mental e carregasse antecedentes familiares de esquizofrenia (sua mãe sofre da doença). Olhando para trás, é fácil perceber indícios de que Cadu estava a caminho de um desastre, mas a família não entendeu. Foi um erro.
Três meses depois da crise do Ano-Novo, na madrugada da última segunda-feira, o mesmo Cadu foi preso na Ponte da Amizade, em Foz do Iguaçu, quando tentava fugir com um carro roubado para o Paraguai. Trocou tiros com policiais federais e feriu um deles no braço. Interrogado, confessou diante dos repórteres que três dias antes havia matado em São Paulo o cartunista Glauco Villas Boas, de 53 anos, e seu filho Raoni, de 25, um duplo assassinato que chocou o país:

– Foi eu. Foi eu – gritou, de olhos esbugalhados, para as câmeras de televisão.



     Nesse tom sensacionalista, Época vai descrevendo aquilo que julga um envolvimento fatal entre o Daime, Glauco e a Esquizofrenia.
     Culpar o culto ao Santo Daime pelo crime é, no mínimo ingenuidade.
     Devemos nos perguntar o motivo que leva as pessoas, mesmo aquelas preparadas, intelectualizadas e com um nível social privilegiado, a negligenciar os sinais e sintomas da Esquizofrenia...
     Lamentável é assistir um jovem dilacerar seu futuro, seu presente e destruir a vida daqueles a quem mais amava, pais, irmãos, e padrinho.
     Tragédia que poderia ter sido evitada se todos os envolvidos tivessem tido o bom senso de procurar tratamento para a doença mental, admitindo e assumindo que a doença é altamente limitante e degradante.  Preconceito que foi fatal nesse caso.    
     Enquanto todos se omitirem diante das doenças mentais, preferindo a tolerância que esbarra na omissão, veremos dia após dia, tragédias como essa se repetirem. A Religiosidade ou a Fé não pode obnubilar a Razão e o Bom Senso.
     Estaremos sempre nos deparando com tentativas de culpabilizar um culto religioso qualquer pela violência que venha ocorrer entre seus adeptos. É bom que estejamos atentos para nos posicionar diante do Preconceito Religioso e da Intolerância que atinge diariamente nossa Fé, e que pode vir disfarçada com argumetação fina e polida pelos bancos universitários do jornalismo.
 

sexta-feira, 19 de março de 2010

MÍDIA & RELIGIÃO - O discurso religioso na comunicação


Rogério Faria Tavares

Belo poema recitado com esperança pela humanidade ao longo dos tempos, a religião tem sido uma das formas mais empregadas pela espécie para organizar e esclarecer suas relações com os mistérios que permeiam a criação, a existência e a morte e para cultivar as dimensões mais sutis (ou transcendentes) de sua experiência na Terra, o que se costuma chamar, com grande freqüência, de espiritualidade. Importante elemento formador da visão de mundo e da cultura de praticamente todos os povos, a religião também é portadora de ensinamentos éticos e morais que moldaram civilizações, influenciaram o curso da história e definiram vários de seus avanços e retrocessos.

Capaz de mobilizar numerosos contingentes populacionais em torno de ideologias e condutas específicas, já serviu aos mais variados propósitos: foi usada como justificativa para guerras e para a celebração da paz; para a construção de palácios e a derrubada de impérios; a promoção de virtudes e de vícios; a divulgação da fraternidade e da compaixão, da intolerância e do ódio.

A religião sempre gerou alto impacto sobre as comunidades humanas e, em muitos casos, conseguiu dividi-las e reagrupá-las segundo seus mandamentos. Por muitos séculos, prevaleceu no campo da política e da administração da convivência coletiva, chegando a influenciar até, em diversas ocasiões, o modelo de trocas econômicas. Em muitas nações, notadamente no hemisfério oriental, prossegue até hoje comandando os negócios do Estado e gerindo a produção das normas jurídicas.

Amor, solidariedade e justiça

Responsável por revelações sagradas e enunciadora da "verdade", a religião sempre foi muito eficiente para conferir sentido à vida de milhões de indivíduos. Ao longo de seu percurso como uma das mais prestigiadas dimensões da atuação humana, desenvolveu importante poder de comunicação e consolidou imenso público disposto a consumir com avidez e convicção a sua mensagem, potente o bastante para resolver impasses e dirimir dúvidas, superar o medo, trazer o consolo, aliviar a dor e afastar o absurdo e o imponderável, aceitar o passado, enfrentar o presente e acreditar no futuro.

Competente na elaboração de mitologias e hábil no uso de recursos como a linguagem simbólica, a religião dominou com desenvoltura as técnicas típicas da oralidade. Quando a tecnologia para a transmissão de idéia s ainda estava em seus primórdios, a informação religiosa já estava entre as mais difundidas. Na medida em que o progresso ia engendrando outros modos de distribuição de conteúdo, a religião aprendia, rapidamente, a beneficiar-se deles. Foi o que ela soube fazer quando surgiram a escrita, o livro e a palavra impressa. E é o que ela faz até hoje, quando ocupa espaço no rádio, na televisão e nas mídias digitais.

Não há fenômeno mais previsível, portanto, que a presença do discurso religioso nos meios de comunicação de massa. A religião está na vida do povo. Como estaria ausente dos jornais, do rádio e da televisão? Essa presença não deve ser vista como negativa. Ainda que seja acusada de iludir e manipular as multidões (o que, em incontáveis episódios da história, de fato ocorreu), a religião também oferece oportunidades valiosas, e talvez inigualáveis, para refinar e elevar os padrões de conduta costumeiros da espécie humana. Ela lança um olhar fundamental sobre a reali dade e propõe forma particular de representá-la e vivê-la. Sua mensagem essencial quase sempre aponta no sentido da promoção do amor, da solidariedade e da justiça, valores que ajudam o ser humano a viver melhor e mais feliz.

Respeito absoluto por outra fé

Não há nada mais natural e compreensível que a intensa presença do discurso religioso na mídia. A religião sempre quer a ampla disseminação de seus paradigmas, conquistar adeptos, perseguir sonhos de hegemonia, estabelecer territórios e manter-se notória e vigorosa. É anseio maior de toda e qualquer religião tornar-se perene e universal, atravessando as diferentes épocas históricas e alargando suas fronteiras geográficas, conservando e atualizando a sua validade e seduzindo as novas gerações.

Essa vocação da religião para a massiva comunicação pública, entretanto, só pode realizar-se, pelo menos nos países em que vige o Estado (laico) de Direito, como é o caso do Brasil, dentro da plena observância das regras jurídicas postas pelo ordenamento pátrio para o relacionamento harmonioso entre os cidadãos.

Responsável por consagrar, em distintos incisos de seu artigo quinto, a liberdade de expressão, a liberdade de consciência e de crença e o livre exercício dos cultos religiosos, a Constituição Federal de 88 oferece as garantias necessárias para que a cidadania possa professar, se for de sua vontade, o credo que bem entender, sem submeter-se a constrangimentos ou represálias.

Em primeiro lugar, isso significa que qualquer corrente de pensamento religioso pode manifestar-se sem restrições, inclusive pelos meios de comunicação. (As sérias distorções causadas pelo acesso desigual aos recursos financeiros para investir em mídia são tema complexo, deslocado para debate posterior.) Em segundo lugar, significa que, quando ocupa os meios de comunicação, a religião deve tratar com absoluto respeito todas as pessoas e instituições que pratiquem outra fé ou divulguem visã o distinta da sua.

Pluralismo e convivência pacífica

Vale lembrar, igualmente, que os ateus ou agnósticos merecem exatamente o mesmo apreço normativo conferido pela ordem jurídica aos que crêem. Eles jamais poderão ter seus direitos e liberdades ameaçados ou tolhidos sob nenhum pretexto. Por isso, quando ocupa a mídia, a religião não pode tratá-los com desprezo, preconceito ou discriminação.

Quando ocupa a mídia, uma religião não pode formular ofensas ou ataques que maculem a reputação de outra. Também não é aceitável que trate qualquer delas como algo primitivo, excêntrico, exótico, ameaçador ou diabólico. Agredir esta ou aquela crença religiosa é atitude que merece repulsa social e repressão legal imediata. Quando isso ocorre no rádio ou na televisão é fato ainda mais grave, já que ambos são serviços de interesse público explorados sob regime de concessão.

Finalmente, não é possível, no contexto de uma democracia política como a nossa, conced er qualquer vantagem a determinada religião em detrimento das demais, uma vez que todas propiciam legítimas respostas aos anseios de fé dos cidadãos. Todas são dignas de idêntica consideração, independente da matriz cultural ou étnica a que estejam eventualmente filiadas. Não se pode instituir a menor hierarquia entre elas, nenhuma ordem de precedência ou sistema de privilégios. (Obviamente, não se pode chamar de religião o que é somente a prática do charlatanismo, o comércio dos milagres e de curas com fins de enriquecimento fácil tipificado como crime pelo artigo 283 do Código Penal Brasileiro.)

A atitude reclamada pela razão é fomentar o ecumenismo e o diálogo interreligioso, tão desejado e tão viável, haja visto o expressivo número de pontos comuns a todos os credos. O pluralismo e a convivência pacífica entre as diferenças são duas das expressões mais saudáveis de uma sociedade democrática. A sociedade brasileira não pode tolerar os intolerantes. Seria perigoso de mais para o futuro com que sonhamos.

domingo, 7 de março de 2010

Trabalhadores sofrem com desigualdade de Gênero e Raça!


Retirado do site Repórter Brasil.

04/03/2010

Com participação significativa no mercado de trabalho e responsáveis pelo sustento de uma parcela cada vez maior de famílias brasileiras, mulheres enfrentam quadro de desigualdade, que é agravado pela questão racial.

Por Repórter Brasil


A responsabilidade e a participação das mulheres no mercado de trabalho brasileiro têm se ampliado nos últimos anos, mas as desigualdades de gênero continuam as mesmas. É o que mostra documento divulgado nesta quinta-feira (3) pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) por ocasião do Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março.

"As mulheres - principalmente as mulheres negras - possuem rendimentos mais baixos que os dos homens e, ainda que em média tenham níveis de escolaridade mais elevados, seguem enfrentando o problema da segmentação ocupacional, que limita seu leque de possibilidades de emprego", afirma o estudo da OIT, ligada à Organização das Nações Unidas (ONU).

Entre 1998 e 2008, aumentou a proporção de mulheres que são "chefes de família", ou seja, que são as principais responsáveis pelo sustento do lar. Essa porcentagem subiu de 25,9% para 34,9%, que equivale a mais de um terço das famílias brasileiras. Aumentou também a parcela de núcleos formados por mães que cuidam sozinhas dos filhos: de 4,4% para 5,9%.

A participação das mulheres, em 2008, chegou a 43,7% (42,5 milhões de pessoas) no universo de pessoas com mais de 16 anos que estavam no mercado de trabalho. No mesmo ano, homens e mulheres da raça negra formavam 50% (48,5 milhões) desse contingente.

O exame da taxa de desemprego evidencia com clareza a marca da desigualdade. Para mulheres negras, a taxa em 2008 alcançou 10,8%, em comparação a 8,3% para as mulheres brancas, 5,7% para os homens negros e 4,5% para os homens brancos, que foram menos afetados.

Diferença salarial

Uma rápida pesquisa no novo mecanismo online disponibilizado pela Secretaria de Emprego e Relações de Trabalho (SERT) do governo de São Paulo, com base em dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), permite a aferição dos abismos salariais em termos de gênero e de raça.

Os salários médios de profissionais de advocacia - código 241005 na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) -, com idade entre 25 a 30 anos, que atuam na cidade de São Paulo (SP), variam enormemente.

Para advogados brancos, o salário médio de admissão nos últimos seis meses foi de cerca de R$ 3 mil. Neste período, informa o Salariômetro, houve 150 contratações com o mesmo perfil, na localidade informada.

No caso das advogadas negras, o salário médio de admissão no último semestre foi de R$ 1,48 mil. Durante este período, houve registro de apenas duas contratações com este perfil na capital paulista.

Trabalho doméstico


"As mulheres e os negros são mais presentes nas ocupações informais e precárias e as mulheres negras são a grande maioria no emprego doméstico, uma ocupação que possui importantes deficits no que se refere ao respeito aos direitos trabalhistas", completa o documento da OIT.

As trabalhadoras domésticas representavam 15,8% do total da ocupação feminina em 2008. São 6,2 milhões de mulheres que se dedicam a essa profissão, e a maioria delas são negras. Mais de 20% das mulheres negras ocupadas estão precisamente no trabalho doméstico, que é caracterizado pela precariedade. Somente 26,8% das domésticas tinham carteira de trabalho assinada em 2008. Entre as trabalhadoras domésticas negras, o nível é ainda maior: 76% não possuem carteira assinada.

A pesquisa do organismo internacional identificou que homens ocupados gastam 9,2 horas semanais com afazeres domésticos (reprodução social), enquanto que as mulheres ocupadas dedicam 20,9 horas semanais para o mesmo fim. Com isso, apesar da jornada semanal média das mulheres no mercado ser inferior a dos homens (34,8 contra 42,7 horas, em termos apenas da produção econômica), a jornada média semanal das mulheres alcança 57,1 horas e ultrapassa em quase cinco horas a dos homens (52,3 horas).

Principal instância de deliberação da OIT, a Conferência Internacional do Trabalho iniciará, em junho deste ano, a discussão sobre a possível adoção de um instrumento específico de proteção a homens e mulheres que atuam no trabalho doméstico, atividade exercida predominantemente por mulheres e na qual estão presentes as desigualdades de gênero e raça.

sábado, 6 de março de 2010

NEM SEMPRE É ALUCINAÇÃO

(matéria publicada na Folha Espírita em junho de 2004)

A Folha Espírita transcreve entrevista da Dra Marlene Nobre (Presidente da AME-Brasil e AME-Internacional) à revista Psychic World e realiza entrevista com o Dr. Sérgio Felipe Oliveira (AME-SP), psiquiatra

Psychic World – Dra. Marlene, gostaria de colocar uma questão crucial para você, sobre o que é comumente chamado de esquizofrenia. Hoje, quando alguém ouve vozes é tido como esquizofrênico, recebe fortes sedativos e, freqüentemente, é internado em hospitais de unidades psiquiátricas, registrado como mentalmente instável. Uma definição praticamente irreversível e para o resto de sua vida. De fato, freqüentemente, não o é de verdade e não recebe tratamento... mas recebe, por períodos indefinidos, sedativos que fazem estragos. Acho isso uma situação intolerável... O que você me diz sobre isso?

Marlene Nobre – Bem, o que ocorre, infelizmente, no curso médico, na prática médica, é algo que realmente não se compreende muito bem. Por quê? Porque a Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que saúde é o estado de completo bem-estar do ser humano integral: biológico, social, ecológico e espiritual. Então, saúde é definida pela OMS como sendo o equilíbrio entre fenômenos orgânicos, psíquicos, sociais e espirituais. No entanto, na prática, os médicos não consideram todos esses fenômenos, mas tão somente os orgânicos ou biológicos. Podemos perguntar, em qualquer país, o que ensinam as escolas de medicina e constataremos que os médicos não são alertados para os problemas psicológicos e espirituais do paciente, eles restringem-se às reações orgânicas, como se o ser humano fosse reduzido tão somente ao corpo físico. Embora o Código Internacional de Doenças (CID), que é conhecido no mundo todo, no número 10, questão F 44.3, contemple a existência dos estados de transe, fazendo a distinção entre os normais, os que acontecem por incorporação ou atuação dos espíritos, dos que são patológicos, provocados por doença, a maioria dos médicos não leva isso em consideração. No Tratado de Psiquiatria de Kaplan e Sadock, um dos mais consultados pelos psiquiatras, no capítulo dedicado ao estudo das personalidades, há também a distinção entre as personalidades que recebem a atuação de espíritos e as dos outros que são doentes. A Psiquiatria já faz, portanto, a distinção entre o estado de transe normal e o dos psicóticos que seriam anormais ou doentios. Isso, portanto, precisaria ser mais discutido com os colegas, principalmente, com aqueles que não consideram a possibilidade de comunicação dos espíritos com os encarnados. Por quê? Porque já há a contemplação nos próprios compêndios da Medicina a respeito da possibilidade de comunicação dos espíritos. Outro aspecto também é a obra de Carl Gustav Jung, que estudou o caso de uma médium que recebia espíritos por incorporação nas sessões espíritas. Desse modo, constatamos que já existe uma abertura para o estudo do espírito dentro do currículo da Psicologia e da própria Medicina. O que ocorre é que a preparação dos médicos ainda é extremamente reducionista e, com essa visão estreita, são levados a considerar apenas e tão somente os fenômenos orgânicos. Quanto ao exemplo referido por você, nós realmente nos constrangemos ou ficamos tristes com a conduta dos colegas que, habitualmente, rotulam todas as pessoas que dizem ouvir vozes como psicóticas e tratam-nas com medicamentos pesados pelo resto de suas vidas. Ficamos penalizados com uma situação como essa, porque existe uma porcentagem de pessoas que são consideradas psicóticas por ouvirem espíritos e que, na realidade, são médiuns. Cremos que, na História da Moléstia Atual do paciente, deveriam constar também, além dos sintomas orgânicos, os psicológicos e espirituais, a fim de que pudéssemos fazer a distinção, evitando, assim, que os médiuns sejam taxados de psicóticos para o resto de suas vidas. Muitos deles poderiam encontrar um caminho mais fácil para a cura, a partir do momento em que é diagnosticado um caso de obsessão ou de comunicação espirítica. Acredito que só quando tivermos uma Medicina que leva em consideração o ser integral, espírito/corpo, é que teremos possibilidade de abertura para entender quando se trata de um ou de outro caso.

PW – Para a quantidade de pessoas que começam a ouvir vozes, qual é o seu conselho?

Marlene – É difícil dizer, quando você está em outro país, onde não se conhece muito bem o procedimento, tanto do lado médico quanto espiritual. Mas é preciso ir, pouco a pouco, oferecendo material de estudo, livros, para que a população se informe também a respeito da obsessão, da possibilidade de se ouvir espíritos. Esse é um fenômeno corriqueiro, banal, comum a muitas pessoas. Então, à medida que a divulgação vai sendo feita, através de livros ou de palestras e cursos, há a possibilidade de se informar mais à população. E as famílias passam a conhecer mais o problema. Não é nada fácil, porque em um país como este que respeitamos tanto, de tantas tradições, de tanto progresso, o Espiritismo é praticamente ignorado, mas já há por parte de alguns médicos e psicólogos um entendimento do que seja a mediunidade, no caso mais específico, a obsessão. Talvez, então, fosse interessante que houvesse troca de impressões e de idéias entre o movimento espírita e os profissionais que já aceitam a mediunidade, de modo a oferecer aos obsedados os recursos terapêuticos espirituais indicados para esses casos.

Folha Espírita – Como distinguir alucinação por transtorno mental da que ocorre no processo obsessivo?

Sérgio Felipe de Oliveira – A obsessão espiritual oficialmente é conhecida em Medicina como possessão e estado de transe. O Código Internacional de Doenças – CID 10, item F 44.3 – qualifica estado de transe e possessão como a perda transitória da identidade com manutenção de consciência do meio ambiente. Essa situação é considerada doença quando a pessoa não tem controle. Os casos em que a pessoa entra em transe durante os cultos religiosos e sessões mediúnicas não são considerados doença. A alucinação é um sintoma que pode surgir tanto no transtorno mental anímico, a partir de neuroses graves que marcam o subconsciente, quanto na interferência de fatores externos. Esses fatores externos podem ser químicos e orgânicos, como na ingestão de drogas ou nas desordens orgânicas – febre muito alta, uremia, desordens cerebrais, etc. – ou espirituais. A interferência de uma personalidade intrusa, a obsessão espiritual, pode desajustar a percepção da realidade levando a alucinações. A pessoa pode ter alucinações e ainda assim sustentar a crítica da razão – ela sabe que está alucinando ou pode perder a crítica da razão julgando ser verdadeira aquela falsa realidade. Um dia, um paciente mergulhou no rio Tietê diante da alucinação de que estaria numa bela praia. Nesse caso, temos o transtorno dissociativo psicótico ou o que popularmente se chama de loucura. O médico deve inicialmente fazer o diagnóstico da condição orgânica para depois estabelecer diagnóstico diferencial entre o transtorno dissociativo por estado de transe ou possessão, de um caso de transtorno dissociativo psicótico. O manual de estatística de desordens mentais da Associação Americana de Psiquiatria – DSM IV – alerta que o clínico deve tomar cuidado para diagnosticar erradamente como alucinação ou psicose casos de pessoas de determinadas comunidades religiosas que dizem ver ou ouvir espíritos de pessoas mortas porque isso pode não significar uma alucinação ou psicose. A distinção entre alucinação, clarividência ou clariaudiência é uma situação bastante complexa.

FE – Como distinguir esquizofrenia da obsessão?

Sérgio Felipe de Oliveira – Na verdade, temos de discriminar no diagnóstico qual o papel da obsessão espiritual na doença que a pessoa está vivendo, já que todo transtorno psicótico como a esquizofrenia possui o componente obsessivo-espiritual.

FE – É possível saber em que proporção o processo obsessivo permeia os transtornos psicóticos, como, por exemplo, no caso das esquizofrenias?

Sérgio Felipe de Oliveira – Nesse caso, a melhor forma é a prova terapêutica. Uma vez acertado o tratamento medicamentoso e psicoterápico, a associação do tratamento espiritual, sobretudo a magnetização e a desobsessão, nos dará a proporção do envolvimento espiritual. Casos em que há uma predominância do fator obsessivo-espiritual, a melhora com a magnetização e desobsessão chega a ser espetacular, trazendo novos horizontes para a Psiquiatria. Nos casos em que há a predominância anímica ou orgânica, a melhora está mais associada à transformação da pessoa ou seu estado orgânico de forma bem caracterizada. Julgamos importante que o médico e o psicólogo que acompanham casos nessa profundidade passem pelo processo de magnetização e desobsessão a fim de se desvencilhar de possíveis envolvimentos com as energias e os obsessores que acompanham o caso.

OBS: Foi apresentado no 1º Congresso Brasileiro de Umbanda do século XXI um trabalho de levantamento sobre a construção da visão da Psiquiatria no século XX a respeito do Transe e Possessão. Este trabalho se encontra nos anais da Faculdade de Teologia Umbandista (FTU) e foi exposto na forma de Mural, e mostra toda a evolução do pensamento médico e os progressos que ocorreram neste período, podendo hoje haver a diferença entre Transe Religioso e Alucinaçao/Delirio.
Vale a pena consultar a FTU para saber mais a respeito: http://www.ftu.edu.br/

Dúvidas?
http://formspring.me/jocianenegrao

terça-feira, 2 de março de 2010

Como é fácil abrir uma igreja!


Hélio Schwartsman - Folha de São Paulo, 03/12/2009*
>
> "*Eu, Claudio Angelo, editor de Ciência da Folha, e Rafael Garcia, repórter
> do jornal, decidimos abrir uma igreja. Com o auxílio técnico do departamento
> Jurídico da Folha e do escritório Rodrigues Barbosa, Mac Dowell de
> Figueiredo Gasparian Advogados, fizemo-lo.*
>
> *Precisamos apenas de R$ 418,42 em taxas e emolumentos e de cinco dias úteis
> (não consecutivos). É tudo muito simples. Não existem requisitos teológicos
> ou doutrinários para criar um culto religioso. Tampouco se exige número
> mínimo de fiéis.*
>
> *Com o registro da Igreja Heliocêntrica do Sagrado EvangÉlio e seu CNPJ,
> pudemos abrir uma conta bancária na qual realizamos aplicações financeiras
> isentas de IR e IOF. Mas esses não são os únicos benefícios fiscais da
> empreitada. Nos termos do artigo 150 da Constituição, templos de qualquer
> culto são imunes a todos os impostos que incidam sobre o patrimônio, a renda
> ou os serviços relacionados com suas finalidades essenciais, as quais são
> definidas pelos próprios criadores. Ou seja, se levássemos a coisa adiante,
> poderíamos nos livrar de IPVA, IPTU, ISS, ITR e vários outros "Is" de bens
> colocados em nome da igreja.*
>
> *Há também vantagens extratributárias. Os templos são livres para se
> organizarem como bem entenderem, o que inclui escolher seus sacerdotes. Uma
> vez ungidos, eles adquirem privilégios como a isenção do serviço militar
> obrigatório (já sagrei meus filhos Ian e David ministros religiosos) e
> direito a prisão especial."*
>
>
> *VEJA MAIS EM* *
> http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/helioschwartsman/ult510u660688.shtml
> *
>
>
>
> Só para ilustrar:
>
>
> *Alguns curiosos nomes de "igrejas" no Brasil …
>
> *Veja mais em http://www.novotempo.org.br/amiltonmenezes/?p=392
>
> *- Igreja da Água Abençoada
> - Igreja Adventista da Sétima Reforma Divina
> - Igreja da Bênção Mundial Fogo de Poder
> - Congregação Anti-Blasfêmias
> - Igreja Chave do Éden
> - Igreja Evangélica de Abominação à Vida Torta (????)
> - Igreja Batista Incêndio de Bênçãos
> - Igreja Batista Ô Glória!
> - Congregação Passo para o Futuro
> - Igreja Explosão da Fé
> - Igreja Pedra Viva
> - Comunidade do Coração Reciclado
> - Igreja Evangélica Missão Celestial Pentecostal
> - Cruzada de Emoções
> - Igreja C.R.B. (Cortina Repleta de Bênçãos)
> - Congregação Plena Paz Amando a Todos
> - Igreja A Fé de Gideão
> - Igreja Aceita a Jesus
> - Igreja Pentecostal Jesus Nasceu em Belém (do Pará?????)
> - Igreja Evangélica Pentecostal Labareda de Fogo
> - Congregação J. A. T. (Jesus Ama a Todos)
> - Igreja Evangélica Pentecostal a Última Embarcação Para Cristo (quem perder
> vai ficar!!!)
> - Igreja Pentecostal Uma Porta para a Salvação
> - Comunidade Arqueiros de Cristo
> - Igreja Automotiva do Fogo Sagrado
> - Igreja Batista A Paz do Senhor e Anti-Globo
> - Assembléia de Deus do Pai, do Filho e do Espírito Santo
> - Igreja Palma da Mão de Cristo
> - Igreja Menina dos Olhos de Deus
> - Igreja Pentecostal Vale de Bênçãos
> - Associação Evangélica Fiel Até Debaixo D'Água ( Corinthiano???????)
> - Igreja Batista Ponte para o Céu
> - Igreja Pentecostal do Fogo Azul
> - Comunidade Evangélica Shalom Adonai, Cristo!
> - Igreja da Cruz Erguida para o Bem das Almas
> - Cruzada Evangélica do Pastor Waldevino Coelho, a Sumidade
> - Igreja Filho do Varão (Opa!!! Se puxar o pai vai se dar bem!!!!)
> - Igreja da Oração Eficiente
> - Igreja da Pomba Branca
> - Igreja Socorista Evangélica
> - Igreja `A' de Amor
> - Cruzada do Poder Pleno e Misterioso
> - Igreja do Amor Maior que Outra Força
> - Igreja Dekanthalabassi
> - Igreja dos Bons Artifícios
> - Igreja Cristo é Show
> - Igreja dos Habitantes de Dabir
> - Igreja `Eu Sou a Porta'
> - Cruzada Evangélica do Ministério de Jeová, Deus do Fogo
> - Igreja da Bênção Mundial
> - Igreja das Sete Trombetas do Apocalipse
> - Igreja Barco da Salvação
> - Igreja Pentecostal do Pastor Sassá
> - Igreja Sinais e Prodígios
> - Igreja de Deus da Profecia no Brasil e América do Sul
> - Igreja do Manto Branco
> - Igreja Caverna de Adulão
> - Igreja Este Brasil é Adventista
> - Igreja E.T.Q.B (Eu Também Quero a Bênção) (????????)
> - Igreja Evangélica Florzinha de Jesus
> - Igreja Cenáculo de Oração Jesus Está Voltando
> - Ministério Eis-me Aqui
> - Igreja Evangélica Pentecostal Creio Eu na Bíblia
> - Igreja Evangélica A Última Trombeta Soará
> - Igreja de Deus Assembléia dos Anciãos
> - Igreja Evangélica Facho de Luz
> - Igreja Batista Renovada Lugar Forte
> - Igreja Atual dos Últimos Dias
> - Igreja Jesus Está Voltando, Prepara-te
> - Ministério Apascenta as Minhas Ovelhas
> - Igreja Evangélica Bola de Neve
> - Igreja Evangélica Adão é o Homem
> - Igreja Evangélica Batista Barranco Sagrado
> - Ministério Maravilhas de Deus
> - Igreja Evangélica Fonte de Milagres
> - Comunidade Porta das Ovelhas
> - Igreja Pentecostal Jesus Vem, Você Fica (Você senta, Jesus levanta????)
> - Igreja Evangélica Pentecostal Cuspe de Cristo
> - Igreja Evangélica Luz no Escuro
> - Igreja Evangélica O Senhor Vem no Fim (Só no fim?????)
> - Igreja Pentecostal Planeta Cristo
> - Igreja Evangélica dos Hinos Maravilhosos
> - Igreja Evangélica Pentecostal da Bênção Ininterrupta
> - Assembléia de Deus Batista A Cobrinha de Moisés
> - Assembléia de Deus Fonte Santa em Biscoitão
> - "Igreija" Evangélica Muçulmana Javé é Pai
> - Igreja Abre-te-Sésamo
> - Igreja Assembléia de Deus Adventista Romaria do Povo de Deus
> - Igreja Bailarinas da Valsa Divina
> - Igreja Batista Floresta Encantada
> - Igreja da Bênção Mundial Pegando Fogo do Poder
> - Igreja do Louvre
> - Igreja ETQB, Eu Também Quero a Bênção
> - Igreja Evangélica Batalha dos Deuses
> - Igreja Evangélica do Pastor Paulo Andrade, O Homem que Vive sem Pecados (é
> o Cristo em pessoa!!)
> - Igreja Evangélica Idolatria ao Deus Maior
> - Igreja MTV, Manto da Ternura em Vida
> - Igreja Pentecostal Marilyn Monroe (???????)
> - Igreja Quadrangular O Mundo É Redondo
> - Igreja Evangélica Florzinha de Jesus (Londrina – PR)
> - Igreja Pentecostal Trombeta de Deus (Samambaia – DF)
> - Igreja Pentecostal Alarido de Deus (Anápolis – GO)
> - Igreja pentecostal Esconderijo do Altíssimo (Anápolis – GO)
> - Igreja Batista Coluna de Fogo (Belo Horizonte – MG)
> - Igreja de Deus que se Reúne nas Casas (Itaúna – MG)
> - Igreja Evangélica Pentecostal a Volta do Grande Rei (Poços de Caldas – MG)
> - Igreja Evangélica Pentecostal Creio Eu na Bíblia (Uberlândia –* * MG)
> - Igreja Evangélica a Última Trombeta Soará (Contagem – MG)
> - Igreja Evangélica Pentecostal Sinal da Volta de Cristo (Três* * Lagoas –
> MS)
> - Igreja Evangélica Assembléia dos Primogênitos (João Pessoa -* * PB)
> - Ministério Favos de Mel (Rio de Janeiro – RJ)
> - Assembléia de Deus com Doutrinas e sem Costumes (Rio de* * Janeiro – RJ)
>
OBS: É bom refletirmos um pouco sobre os descaminhos da Fé...

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