sexta-feira, 7 de março de 2014

Mais uma vitória dos Insiders das Religiões Afro-brasileiras na Academia


Desde a fundação da FTU por Pai Rivas, os teólogos com ênfase nas religiões afro-brasileiras invadiram os congressos de teologia, sociologia, antropologia e religião no Brasil e no mundo. Ativos e batalhadores, levam a visão dos insiders à Academia.
No começo, o estranhamento foi natural. Setores conservadores receberam com desconfiança os "macumbeiros" disfarçados de estudiosos. Mas, pouco a pouco os insiders ganharam respeito e seus artigos publicados. Os Congressos da FTU são disputadíssimos e grandes pesquisadores nacionais e internacionais acorrem a eles para debater assuntos profícuos. 
Ontem vivemos mais um dia de vitórias para as Religiões afro-brasileiras. Mais uma teóloga defendeu seu mestrado, recebendo nota 10 unânime, e encerra seu mestrado com louvor. A Sacerdotisa e Teóloga Maria Elise Rivas, Mestra Yamaracyê (Obalolá de Xangô), esposa de Pai Rivas, defendeu sua tese na, não mais que conservadora, instituição PUC/SP. Sua tese surpreende pela coragem, tendo sido intitulada "Teologia usa saias". Defender uma tese dessas, em uma instituição como o PUC/SP, somente tendo como origem a FTU. Ela já admite que se estenderá ao doutorado, como sempre, batalhadora! 
Outros teólogos da FTU a seguirão. Érica Jorge já defendeu seu mestrado em Sociologia, e agora está no doutorado. João Luiz Carneiro também está no seu doutorado. Olavo Solera está no mestrado, e outros estão na luta. Todos carregam a  bandeira de nossa religião com orgulho e nos estimulam a fazer o mesmo. E continuemos... muito há ainda a conquistar. 
Paó Sacerdotisa e agora Mestra Yamaracyê!!! 

Depoimentos de irmãos de Santé:

Porque a gente não cansa de ter vitórias! A de hoje foi a aprovação com louvor da dissertação de mestrado de Maria Elise Rivas no Programa de Pós-graduação em Ciências da Religião da PUCSP. Teóloga formada na FTU (ênfase nas religiões afro-brasileiras) e mãe de santo, Maria Elise discorreu sobre a interface entre as questões de gênero e a profissionalização da teologia no Brasil. Eu estive presente e me emocionei. Primeiro, porque a conheço e sei de sua luta pela teologia afro-brasileira de qualidade, seja com religiosos e/ou acadêmicos. Segundo, e talvez mais importante, foi a de ver o entrelaçamento entre o saber religioso e o saber acadêmico, expresso na sua pessoa e no seu trabalho. Hoje estamos em festa! Maria Elise é fruto dos bons! Fruto que se iniciou no terreiro com Pai Rivas, se bacharelou na primeira instituição de teologia afro-brasileira no mundo e agora finda uma etapa com louvor! Sua vitória é uma vitória do povo de santo e prova de que a espiritualidade não erra. Os que afrontam suas ideias, seu posicionamento, sua raiz, hoje testemunharão sua vitória!! Aliás, hoje e sempre! Apresento apenas o vídeo da avaliação final da banca examinadora! E, para breve, sua pesquisa (inédita segundo as professoras) será publicada! Axé!!! (Érica Jorge)

Acompanhei a profa. Msc. Maria Elise Rivas, ou melhor, minha querida irmã de santo Yamaracyê (Sacerdotisa poderosa de Xangô - Obalolá). Muitos são seus predicados, enumerá-los seria um equívoco, porque não expressaria com clareza a satisfação de conviver com uma Iniciada que honra seu Mestre e sua Raiz com dedicação integral à Comunidade de Axé, à Banda.
Mas gostaria de repetir algumas palavras da banca, já que tive a felicidade de assistir a defesa da Yamaracyê. A banca foi unânime em dizer que seu trabalho é paradigmático e histórico. Foram além, “este trabalho torna-se leitura obrigatória”. Detalhe, quem afirmou esta última frase foi a profa. Dsc. Maria José Rosado Nunes, uma das maiores referências em gênero no país.
Não basta quebrar tabus. Uma sacerdotisa se tornar uma das primeiras teólogas afro-brasileiras da história foi só o começo. Não satisfeita, avança na pós-graduação em outra área do saber acadêmico (Ciências da Religião) e constrói uma dissertação com status de tese (aliás, outra frase da banca) com qualidade para ser referência no campo de pesquisa abordado.
Vida Longa a esta Mestra das religiões afro-brasileiras, e agora também da academia, que representa a nossa Tradição com a Valência de Xangô e Oguian. Axé! (João Luiz Carneiro)

Paó a Yamaracye - Marie Elise Rivas, pela dedicação e e no final sempre vencedora. Sei o quanto é difícil vencer obstáculos do preconceito e que sobeja na academia e na sociedade, por isso esta vitória tem um sabor a mais para todos nós que somos das religiões afro brasileiras, pois junto com a Yamaracye ia um pouquinho de todos nós...Axé! (Olavo Solera)

Quanta felicidade e merecimento!
Sacerdotisa Yamaraciê, não foram necessários muitos anos de convívio com você para eu perceber a pessoa maravilhosa que é. 
Seja como mãe, teóloga ou nas coisas do Santo, que em nossa Comunidade aprendemos a unificar.
Sua conquista me emociona não só pelo fato de mostrar inúmeras possibilidades que a mulher tem em vários âmbitos, mas principalmente por estar a frente das Religiões Afro-brasileiras levando principalmente os ensinamentos de nosso Babá através da vivência adquirida em anos de discipulado.
Me lembro com muita felicidade o dia em que recebi você e a Aracyauara em meu Terreiro, o respeito que tiveram comigo, tudo o que conversamos naquele dia e principalmente o que me falou antes de ir embora: "Você só precisa de um Pai de Santo, menina!". E se hoje tenho as mãos de meu Babá, Pai Rivas em meu Ori, uma parcela disso devo a você que mediou este encontro.
Tenho profunda admiração por você. Parabéns! Axé! (Fabiula Berti)



Fotos: https://www.facebook.com/erica.jorge.161?fref=ts

Para quem deseja ver o vídeo da defesa:
https://www.facebook.com/photo.php?v=556781874420729&set=vb.100002667645876&type=2&theater


Um comentário:

Zé Márcio o Kaipira Urbano disse...

MUITO BOM ESSE PASSO DO POVO DO AXÉ. PARABÉNS YAMARACYÊ.

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