sábado, 18 de julho de 2009

O Brasil é um país livre?


O Brasil é um país livre.
O povo brasileiro é formado por um agregado de raças e culturas diferentes, uma riqueza cultural incomparável, maior que seu território, suas florestas, seus recursos minerais e a água. A maior riqueza do país é, sem sombra de dúvida, o seu povo.
Pelo fato de diversos povos conviverem em um mesmo território, aprenderam a respeitar suas diferenças, tornando este país o refúgio seguro contra a intolerância religiosa e o sectarismo. Não digo que não haja preconceito religioso, isso realmente ainda existe, mas espera-se paz e tranqüilidade para o exercício de sua Fé. Não há guerras religiosas, as pessoas não são perseguidas, violadas e mortas por não professarem algum credo específico. Por isso, mesmo que convivam em um mesmo território, etnias rivais e inimigas em outros países aqui se respeitam e se toleram.
Toda essa democracia religiosa culminou na Constituição de 1988, onde se ratificou a vocação laica do Brasil. Não se poderia negar a vocação natural deste país, que recebe a todos os povos de braços abertos. Mas para a surpresa de todos, quase imperceptível no texto inicial da Carta Magna o nome de Deus é evocado, para que ele abençoe todo o trabalho realizado. Portanto, a vocação laica do Brasil é questionada deste as primeiras páginas da nossa maior garantia de liberdade, a Constituição.
Se Deus é evocado, a que Deus ele se refere? Deus é o nome usado para definir divindade apenas dentro do Cristianismo. E quanto ao Islamismo que o chama de Allah? O Budismo e o Hinduísmo que o chamam de Bramha? O Judaísmo que o chama de Jeovah? Sem mencionar Tupã dos indígenas brasileiros, Olorun dos iorubas e Zambi do povo de Congo. Obviamente citei apenas alguns dos nomes sagrados utilizados para definir a Divindade Suprema.
Diante disso, embora se tenha tentado manter o país laico, vê-se claramente que a hegemonia cristã e católica marcou profundamente a sociedade. Os tentáculos do Catolicismo, que desde a Colonização se fazem presentes, ainda se mantêm, a despeito de todos os esforços realizados.
É bom lembrar que o Catolicismo, que já foi 99% da população, vem diminuindo ano a ano. O Censo de 2000 mostrou que embora tenha crescido em número, percentualmente diminuiu em cerca de 10% (1991: 83,8% e em 2000: 73,8%). Em contrapartida, os Evangélicos têm mostrado um crescimento de 6% (1991: 9,05% e em 2000: 15,45%), e os sem religião também cresceram (1991: 4,8% e em 2000: 7,3%). Os cultos afro-brasileiros estariam diminuindo e representariam apenas 0,33% em 2000.
É bom também lembrar que o Censo perguntava qual era a religião.
Boa parte da população freqüenta mais de um culto religioso, mas se define apenas por um. Recentemente o CERIS (Centro de Estatísticas Religiosas e Investigações Sociais), uma fundação de fins sociais vinculada à CNBB (Conselho Nacional de Bispos do Brasil), realizou e confirmou que nas seis maiores regiões metropolitanas do Brasil, cerca de 25% da população freqüenta mais de uma religião, e metade dela o faz regularmente. O Censo não prevê esse tipo de resposta. Por exemplo, se alguém freqüentar ao mesmo tempo o Catolicismo e a Umbanda, ele dirá que é católico se for questionado. Portanto, a constatação de que os cultos afro-brasileiros diminuíram, e seriam apenas 0,33% da população, é ilusória. O brasileiro não deixou de ter religião, ele passou a ser religioso, não institucionalizado, livre.
Obviamente, tal decréscimo no rebanho católico não poderia deixar de ser notada na Santa Sé. O Papa João Paulo II morreu a pouco tempo, e foi sucedido por Bento XVI. Carismático e popular, o Papa João Paulo II manteve uma boa relação com o Brasil, embora reprimisse os movimentos mais progressistas dentro da Igreja, como a Teologia da Libertação. Também tolerou o surgimento da vertente pentecostal chamada Renovação Carismática Católica(RCC), porque significava arrebanhar àqueles que debandaram para as religiões neopentecostais. Bento XVI não conta com o mesmo carisma, e nem com a simpatia da maioria dos católicos. Sua história questionável é amenizada por sua diplomacia e inteligência inquestionáveis.
Representando a ala mais conservadora do Catolicismo, a Opus Dei, e sedento em retomar o poder religioso no Brasil, Bento XVI reprimiu a RCC, reafirmou dogmas e proibições seculares, e chamou para si o papel de administrador religioso.
Utilizando as brechas na lei brasileira, tenta como país assinar um acordo com o Brasil, visando novamente à hegemonia religiosa do povo brasileiro. Acordo entre países, mas com interesses meramente religiosos, Bento XVI tenta pisar na Constituição Brasileira de 1988 :
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;

Mas, entendamos melhor quem é Bento XVI, e como ele pretende pisar nos direitos constitucionais do povo brasileiro para conseguir seus objetivos.
Joseph Ratzinger nasceu na Alemanha em 1927. Serviu como soldado nazista na segunda guerra mundial, entre 1939 e 1945, quando teria desertado e preso. Após o fim da guerra, é aceito no seminário e em 1951 é ordenado padre. Sua tese de doutorado fundamentou-se em Santo Agostinho, foi professor de Teologia Dogmática e História do Dogma, e o responsável pela preparação do novo Catecismo Católico.
A sua posição como prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé (leia-se Suprema e Sacra Congregação do Santo Ofício ou Santa Inquisição), cargo que exerceu durante vinte e três anos, o colocava como um dos mais importantes defensores da ortodoxia católica, e foi o responsável pelo voto de silêncio sancionado ao ex-frei Leonardo Boff (Teologia da Libertação).
Não dá medo? Personalidade complexa, culto, inteligente, e ultra-conservador.
É diante disto que todos nós, adeptos das diversas religiões brasileiras, nos deparamos.
As sombras da Idade Média rondam o Brasil, e ameaçam a todos os demais países do mundo.
Cabe-nos defender nossos direitos adquiridos, antes que eles nos sejam deliberadamente e maquiavelicamente retirados nas entrelinhas da história.

Obaositala

2 comentários:

Unknown disse...

obrigada vc me ajudo muitooooo

Unknown disse...

😆 e isso e para isso que serve a internet para falar de coisas como essa historia

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