domingo, 15 de maio de 2011

NEUROPSICOLOGIA - Antônio Damásio: O cérebro à procura da Alma


Ëdition Spéciale Science & Vie, 1996
Por René Bernex
Tradução de Paulo F. de M. Nico

Para  o neurocientista português, atualmente radicado nos E.U.A. 
Prof. Dr. Antônio Damasio, a razão pura não existe: nós pensamos
com o nosso corpo e nossas emoções. O retrato de um 
pesquisador que deu à alma uma base neurobiológica.
“Os fenômenos mentais  se integram verdadeiramente ao corpo tais como  eu os visualizo, são capazes de dar lugar às mais altas operações, como aquelas que revelam a alma e o nível espiritual. Sob meu ponto de vista, não obstante, todo o respeito que devemos concordar em noção da alma,  podemos dizer que por último esta reflete somente um estado particular e complexo do  organismo”.



É o que afirma Antônio Damasio, diretor do departamento de neurologia da 
Universidade de Iowa (Estados Unidos) e professor no Instituto Salk para 
estudos biológicos (Jolla, Califórnia). Aquele cujos pares  sobrenomearam  
“O  Toscano da Neuropsicologia”  livre pela essência de seu passo 
intelectual: reunindo diretamente as preocupações atuais da pesquisa 
em seu domínio, ele tenta após anos descobrir os mistérios da consciência 
e das faculdades mentais superiores, a fim de, talvez, melhor discernir 
sobre as noções ambíguas do espírito ou da alma. Originalidade de sua obra:  
jamais recorrer à simples experiência, como faz hoje a maior parte de seus 
homólogos, mas tirar sobretudo as conclusões da observação atenta 
desses casos “naturais”, quer dizer, não fabricar para o homem   passos 
audaciosos e a imaginação pelo grande cirurgião e antropólogo  francês, 
Paul Broca, há um século e meio. Submeter assim nossa compreensão ao 
mais precioso de nossos órgãos.
Por mais áridas que possam parecer suas pesquisas, Antônio Damasio ama, 
entretanto, ferozmente a vida que ele degusta a cada instante com um prazer 
consumado. Baixo, olhos e cabelos castanhos, sempre impecavelmente 
penteados aquele que o considera como um dos maiores maestros do 
estudo do cérebro humano, oferece um retrato  lido e sorridente do 
diplomata. Calmo, apaziguador, ele é certamente capaz de falar durante  
horas sobre a neuroconsciência, como também de arquitetura, arte 
moderna,  cinema, história, filosofia e até mesmo gastronomia. Um fino 
gastrônomo, ele sabe sempre descobrir os melhores restaurantes em 
ocasião de um colóquio.  Sem dúvida, em razão de sua origem européia...


      
A Cartografia do Pensamento
Graças às novas tecnologias imaginárias médicas que Damasio pôde montar a cartografia do pensamento.

Antônio e sua mulher Hanna (que trabalha com ele e divide as 
mesmas paixões, e a quem deve uma boa parte de seu sucesso) 
todos os dois nasceram em Portugal, e obtiveram seus diplomas na 
faculdade de medicina da Universidade de Lisboa. Após terminarem suas 
teses, partiram para os Estados Unidos. “Há vinte anos, explicam  
eles, foi o último lugar onde pudemos fazer a pesquisa”.  
Primeira etapa em 1967:  o laboratório do grande neurologista Norman 
Geschwind, centro de pesquisa sobre Afasia em Boston. Com a morte 
de Geschwind, em 1984, o casal parte para Iowa. Arthur Benton instalou-se, 
de um lado, por causa dos papéis da neuropsicologia, mas também 
sobretudo por causa  daquele estado rural e deserto, onde havia excelentes 
escolas, bons hospitais e “ as pessoas pensam que é normal ajudar à pesquisa 
médica.”
Foi aí exatamente sua falha. Após a chegada de Arthur Benton, todos 
acreditaram que boa parte dos principais centros mundiais consagram 
estudos dos substratos neurológicos às funções mentais. Antônio afirma, 
como o teórico do casal, aquele que interpreta as experiências. 
Devemos notar em sua equipe, as  contribuições importantes na compreensão 
da visão, da memória, da linguagem, da tomada de decisões. Hanna, 
neuroanatomista, nutre a reflexão de seu ego ao imaginar e construir a 
maior parte das experiências.  Ela foi notavelmente uma das primeiras a utilizar 
as tecnologias atuais imaginárias do cérebro para estudar o cérebro humano 
e as funções cognitivas.
Resultado: em 1992, 
Antônio e Hanna receberam o prêmio Pessoa, 
a mais alta distinção intelectual de Portugal, 
pela sua contribuição a cartografia do cérebro. 
A presença de sua mulher, na cidade de 
Iowa, longe em primeira  instância das 
grandes mecas da pesquisa Americana, 
representou  um papel determinante na 
carreira de Antônio Damasio. No coração 
de Midwest, um imenso  Hospital da Universidade de Iowa recebeu em 
decorrência de doenças de todos os tipos, pouco menos que o relativamente 
escolhido para as megalópoles universitárias.  O departamento de 
neuropsicologia também pôde notar os múltiplos casos fascinantes. 
Junto de Damasio pudemos reunir uma coleção de mais de 2.000 
doenças registradas em função de seus problemas (ataques, 
infecções, traumatismos, tumores e outros acidentes cerebrais).
Damasio se recorda desde a infância do aprendizado segundo o qual a gente 
não pode tomar uma sábia decisão a não ser com  calma. “De outro modo, 
disse, precisa-se, havia aprendido, que as emoções e a razão não podem 
mais se unir, assim como a água e o óleo. Portanto, confiante, fui 
confrontado um dia com o ser humano, o mais frio, o menos emotivo que  
se podia imaginar, ou, apesar de sua inteligência, sua faculdade de 
raciocínio fosse assim perturbado, nas circunstâncias variadas da 
vida cotidiana, ele se conduzia de todas as maneiras errôneas, fazendo 
agir  perpetuamente pelo oposto daquilo que teria considerado como 
socialmente apropriado e como vantagem para ele”.  
Por volta dos 30 anos, um paciente em questão, chamado de Elliot, 
apresentou o que pareceu ser um meningioma, de outro modo 
disseram tratar-se de um tumor saído das meninges, que comprimia 
os dois lóbulos frontais. Após uma operação prática de urgência e 
coroada de sucesso, viria a cura.  Infelizmente, sua personalidade 
mudou muito rápido.  Para pior.  
Rapidamente com efeito, o jovem partiu à deriva, tornou-se desligado e 
distante. Assim, no consultório, ele hesitava entre uma tarefa e outra, 
ou refletia indefinido em relação aos princípios dos processos de 
classificação, sem jamais tomar decisões. Portanto, sua 
inteligência permanecia perfeitamente intacta. Seus conhecimentos 
também. Incapaz de um trabalho regular, Elliot colocou-se a especular, 
investiu todas suas economias e perdeu tudo, inclusive sua família. 
Tornou a se casar e divorciou-se novamente....
          Com o tempo, ele terminou sendo considerado por todo o mundo 
como um preguiçoso e um simulador.


UM DETECTOR DE EMOÇÕES
Quando as pessoas “normais” vêem imagens contidas de forte emoção, sua secreção do suor aumenta. No caso das pessoas estarem sujeitas às lesões cerebrais, não há nenhuma resposta epidérmica.
QUANDO  O CÉREBRO É LESADO
O córtex frontal representa um papel essencial no controle de nossas emoções.  No caso de lesão, quando aparecer um forte estímulo  1) vindo do meio do corpo, o córtex frontal   2) não pode lhe proibir a passagem.   O estímulo escuro pelo tálamo,   3) o sistema límbico,   4) os núcleos estriados,  5) o lóbulo temporal,  6) a amídala,   7) e o mesencéfalo  8)  Ao final deste tour de circuito, ele volta ao tálamo e continua sua ronda.  As lesões do córtex frontal pode provocar uma mistura da desinibição e da agressividade.

UMA BARRA DE MINÉRIO ATRAVESSA-LHE O CÉREBRO
            
Até hoje  Damasio se interessa pelo caso, fizeram-lhe sofrer 
uma bateria de testes psicométricos, e examinaram seu 
cérebro por IRM  (imagem por ressonância magnética). 
Ele descobriu uma lesão no nível da parte frontal de seu cérebro. 
E absolutamente nada no outro.
É obrigado então a constatar que este único “problema” arrebatou  
uma inatitude ao tomar as decisões.  Elliot era bom e bem doente.  
Damasio e sua equipe erraram em conseqüência da ocasião de 
escrutar o cérebro por um bom vintém de casos iguais ao de Elliot.  
Todos apresentam lesões tocantes a uma das estruturas cerebrais 
ligadas às emoções e à tomada de decisões: o córtex pré-frontal 
ventro-mediano. Entre aqueles numerosos casos estudados, sem 
dúvida que um dos mais curiosos de todos os anais médicos: aquele 
de Phineas Gage, que, em setembro de 1848, no momento em 
que trabalhava em uma construção de uma ferrovia, em Nova-Inglaterra 
(Estados Unidos), foi vítima de uma explosão acidental: uma barra de 
minério, 1,80 m, lhe atravessou o crânio e o cérebro.

UM DETECTOR DE EMOÇÕES

Até mesmo as pessoas “normais” quando vêem imagens carregadas de 
grande emoção, têm as secreções sudoríparas aumentadas. No caso 
das pessoas sujeitas a lesões cerebrais, não há nenhuma resposta epidérmica.  
Gage não somente sobreviveu, mas parecia totalmente consciente após 
o acidente, e foi imediatamente capaz de andar e de falar. Mas, assim 
como no caso Elliot, apesar de quase um século e meio mais tarde, 
sua personalidade se modifica profunda e definitivamente. Certamente, 
ele não apresentava nenhuma desvantagem de motricidade e de linguagem, 
era capaz de aprender, e sua memória e sua inteligência estavam intactas.   
Somente seu comportamento social foi modificado. Dantes responsável, 
socialmente bem integrado e apreciado, tornou-se muito rapidamente irresponsável, 
grosseiro e caprichoso. Perdeu seu trabalho e passou os doze anos que  
sobreviveu a vadiar, a se exibir  no circo Barnum, antes de morrer em 1860.

AUTÓPSIA DE OUTRO ACIDENTE

Felizmente pela corajosa ciência, cinco anos após a sua morte, seu 
médico pessoal pede a sua família autorização para exumar o corpo e 
recuperar o crânio - que se encontra de agora em diante na Universidade 
de Harvard.  
Retornando à nossa época: Albert Galaburda, neurólogo e velho amigo de  
Damasio, toma todas as medidas do crânio lesado. E em 1994, Hanna 
Damasio e seus colaboradores reconstituíram em três dimensões, 
graças às técnicas imaginárias assistidas pelo orientador, o crânio de Gage.  
Após reconstituir o trajeto da barra de ferro através daquele que 
poderia ter sido seu cérebro, o resultado daquela verdadeira autópsia 
do outro acidente:  Gage e Elliot apresentam lesões estritamente parecidas.  
A compilação de todos aqueles dados permitiu aos pesquisadores americanos 
aperfeiçoar os testes práticos sobre Elliot e seus semelhantes e precisar as 
relações entre a razão e as emoções. Assim Daniel Tranel, um colaborador 
de Damasio, teve a idéia de aplicar em Elliot um teste destinado a detectar 
as emoções. Este consistiu em apresentar ao paciente imagens trágicas:  
casas em fogo, assassinatos, tremores de terra, feridos, etc...   
Elliot não sofreu estritamente nada ...  
Damasio se recorda:  “Era absolutamente irreversível. Estava na medida 
de conhecer,  mas não de sentir”.  Estas descobertas conduziram o neurólogo 
a construir a mais espantosa das teorias da pura razão. “A observação dos 
pacientes, assim como Elliot, sugere que a fria estratégia evocada por 
Kant e por outros autores pareça mais de uma maneira cujas pessoas 
acometidas de lesões pré-frontais procedentes por tomarem uma decisão  
do que aqueles indivíduos normais”. 
Se é que nos ameniza, pensemos no famoso aforismo de Descartes. 
“O coração tem razões que própria razão desconhece”. Damasio, 
retoma totalmente a fórmula: “O organismo tem certas razões, 
que a razão deve absolutamente levar em conta”, considera ele.  
Para os neuropsicólogos da cidade de Iowa, não existe portanto, 
razão no estado puro.  Não há corte, entre o corpo e o espírito. 
O homem é um todo.  
Uma impressão ainda não confirmada por um dos últimos casos 
observados, aquele de SM, foi recentemente objeto de importantes 
publicações nas revistas científicas anglo-saxônicas (natureza, especialmente).   
Trata-se de uma mulher incapaz de decifrar o medo sobre o rosto de outro.   
Isto pela simples razão daquela pessoa apresentar uma lesão na amídala, 
uma parte do cérebro, devido a uma calcificação seletiva 
(Doença de Urbach - Wiethe). De onde,  sem dúvida, surgem graves 
dificuldades sociais. De maneira geral, SM ilustra portanto perfeitamente 
bem a importância das relações entre o mundo das emoções e da 
consciência ou da tomada de decisões.  
A causa dos problemas sociais de S.M. pode parecer diferente daquela 
de Elliot ou de Gage, ou daqueles que, como eles, apresentam 
danos no nível orbital do córtex frontal. Antônio Damasio, pensa 
totalmente o contrário. Ele considera que estes são aspectos 
do mesmo problema. A deficiência de SM sustentou de fato sua 
hipótese, segundo ele aquela tomada de  decisões sociais adaptadas 
implica nos sinais emocionais ou de outros indicadores do estado do 
organismo. Estes sinais, que Damasio chama de “marcações somáticas”, 
são utilizadas para avaliar se uma decisão particular seria uma 
boa ou uma péssima conseqüência.
Um “guia” da sobrevivência.  
No córtex frontal se 
encontram “as zonas 
de convergência” 
que integram as conexões 
entre uma determinada 
situação e os estados do 
corpo (algumas das múltiplas 
situações e percepções memorizadas).
As zonas de convergências 
alimentam os “marcadores 
somáticos”, um tipo de 
guia automático que orienta a 
escolha do indivíduo 
visando a sobrevivência.
  




AS EMOÇÕES NOS AJUDAM A PENSAR CERTO
            
Para todos os seus colegas, esta teoria é uma das maneiras mais 
originais da neurologia nos últimos anos.  É um aspecto 
essencial de alto nível de complexidade existente no humano 
que se põe em relevo nessas pesquisas. Grosso modo, isto significa 
simplesmente  que nós “pensamos com o nosso corpo”. Que as 
emoções  são  literalmente “corporalizadas”.   Uma visão da natureza 
humana que Freud e a psicanálise não desmentirão sem dúvida.. 
Antônio Damasio explica:  “Quando nós somos confrontados a escolher, 
o que se passa? Fazemos um tipo de análise de custos  e benefícios, 
olhamos todas as opiniões, pegamos um lápis e começamos a calcular.  
O que se passa se eu fizer assim ou assado?   Se utilizar este único 
método - mesmo para tomar uma simples decisão? Há tantas 
possibilidades,  tantos resultados intermediários, que para decidir 
se você aceita jantar comigo esta noite, lhe será necessário pelo 
menos uma hora, ou, é provável que você possa responder a um 
convite por sim ou por não em alguns instantes.  Por quê?”.  
Penso que nós somos talvez ajudados pelas emoções, responde 
o neuropsicólogo. Se no decorrer de nossa vida temos de aprender 
o que é bom ou não para nós, seria apropriado, hoje e no futuro,  
desenvolvermos um tipo de guia automático.  Eu chamei este 
mecanismo de marcador somático.  É ele que ajuda a eliminar as 
opções piores, ou que, ao contrário, pode levar a uma escolha das 
conseqüências benéficas. Mas, estes famosos marcadores somáticos 
não estão de fato situados nos lóbulos frontais. Não se encontram 
na realidade, nestas regiões,  meios de generalizar os marcadores 
somáticos. “É o que eu chamo uma zona de convergência”, precisa Damasio.  
Esta constata as conexões entre certos estados do corpo e de uma 
dada situação. Até a zona de convergência ser ativada, uma multidão 
de ordens partem em direção à amídala, ao tronco cerebral, ao hipotálamo, 
para criar um estado particular então apresentado no córtex somato-sensorial.  
“E este serve de marcador. É tudo simplesmente o estado que qualifica 
uma imagem ou uma situação particular”.  
Após  vários meses então, Damasio tenta mudar sua teoria dos 
marcadores somáticos.   E este, ao estudar a resposta epidérmica 
às emoções graças aos testes de “condutância cutânea”. O princípio 
é o mesmo que aquele dos detectores das mensagens: assim, quando 
contemplamos uma cena que nos afeta, certos elementos do 
nosso sistema nervoso preparam um aumento da quantidade de 
suor produzido pela pele, quase imperceptível, mas detectável 
si passar por uma fraca corrente elétrica.




































O CASO DE PHINEAS GAGE 
A mulher e colaboradora de Antônio Damasio, Hanna, realiza 
a reconstituição graças às técnicas imaginárias assistidas por 
um coordenador; a lesão cerebral e o crânio de Phineas Gage. 
Teve o crânio, em 1848, transpassado por uma barra de ferro. 
Extraordinariamente, Gage sobreviveu à sua ferida, mas sua personalidade
 foi profundamente afetada.



UMA TEORIA QUE REPOUSA SOBRE CENTENAS DE CASOS
          
Em uma Universidade em Iowa, os pesquisadores então 
assumiram vários grupos de discussões das projeções 
das séries de dispositivos, para a maior parte banais, 
mas entrecortados de quaisquer sessão de subversão 
e movimentação. Resultado: os assuntos “normais” 
apresentam aos olhos de quaisquer fotos dramáticas, 
uma importante resposta epidérmica.  Então, nem Elliot 
e nem os outros pacientes sofreram algumas das mesmas 
lesões cerebrais. Se é isto, lógico, totalmente significativo.
Evidentemente, a teoria coaduna com a neuropsicóloga 
americana que não responde unicamente aos casos de Elliot, 
SM e Gage. Ela é constituída sobre o estudo minucioso por anos, 
durante as múltiplas lesões diferentes e suas conseqüências 
nos casos de centenas de pacientes.   Damasio opta por uma 
aproximação muito concreta aos mecanismos mentais.  
Ele trabalha sobre os casos reais e não sobre os modelos 
animais ou as experiências de laboratório. Sua mensagem é clara: 
“O espírito respira o viés do corpo e o sofrimento, que ele tenha 
sua forças no nível da pele ou da imagem mental, preso ao efeito 
da cadeira”, afirma ele.
E Antônio Damasio conclui com precisão, como para desculpar-se 
antes deste reducionismo um tanto blasfematório: “Demonstrar 
que a percepção de uma determinada emoção depende de um certo 
número de órgãos do corpo não diminui o valor daquela percepção o 
ponto de um fenômeno humano. Nem a mágoa, nem o êxtase que podem 
acompanhar o amor ou a arte  se encontram desvalorizados pelo fato 
de nós cumprirmos quaisquer dos milhares de processos biológicos 
que fazem dessas emoções aquilo que são”. “É precisamente o 
contrário que é verdadeiro: nós não podemos estar espantados 
diante da complexidade dos mecanismos que tornam possíveis 
estes sortilégios. A percepção das emoções é a base daquilo 
que os seres humanos chamam, depois de milênios, a alma e o espírito”.

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