Entrou em vigor hoje na França a lei que proíbe o uso do véu islâmico integral em lugares públicos. Trata-se da veste feminina que cobre o corpo dos pés a cabeça incluse o rosto e no caso da burca, até os olhos são dissimulados por tela que permite a visão. Três mulheres vestidas com o hijab e vários manifestantes da associação Touche pas à ma constitution (Não toque na minha Constituição) que protestavam contra a lei, foram detidos em frente à Catedral Notre-Dame, em Paris.
Rachid Nekkaz, líder da associação, convocou os participantes pela internet: “Convido todas as mulheres livres que querem usar o véu nas ruas para engajarem-se em desobediência civil.” A polícia afirma que as prisões não foram em função do uso da vestimenta, mas devido a falta de aviso prévio e autorização para realizar a manifestação como determina a legislação do país.
A França, onde estima-se o número de habitantes muçulmanos em 6 milhões, a maior concentração da minoria na Europa, tornou-se o primeiro país do Velho Continente a adotar a interdição generalizada. Seguido a debate caloroso, os deputados da Assembléia Legislativa aprovaram a lei no dia 11 de outubro de 2010. Ela prevê multa de até 150 euros e a obrigação de receber aula sobre a cidadania francesa ministrada por agentes da ordem pública. Mas quem forçar as mulheres a usarem o véu islâmico integral, corre risco bem pior: multa de 30 000 euros e pena de prisão de até um ano. Se a infração for contra menores, a pena dobra.
Segundo o Ministério do Interior, menos de 2 000 mil mulheres usam o véu integral na França. Dirigir de burca pode, carro é espaço privado. Em transportes públicos, nos jardins, hospitais, escolas, supermercados, lojas, restaurantes, museus, cinemas, o traje mais antigo que o sugimento do Islã no Sécula VII – servia como proteção nas regiões desérticas – não é permitida. A a burca não é especificamente mencionada no Corão e nem no Hadith. Os policiais não podem retirar o véu das infratoras, mas devem conduzí-las à delegacia caso as mulheres recusarem retirar a parte que cobre o rosto.
A lei que proíbe o hijab, a burca, mas também máscaras e capuzes que escondem o rosto, entra em vigor no momento onde um debate público sobre o “lugar do Islã e a laicidade” foi proposto pelo governo de Nicolas Sarkozy. Isso a um ano das eleições presidencias. As pesquisas de intenções de voto indicam que se as eleições ocorressem agora, Sarkozy seria eliminado já no primeiro turno pelos candidatos do Partido Socialista e do Front Nacional, partido xenófobo da extrema direita francesa que vê nas tradições muçulmanas, uma forte ameaça à identidade francesa.
Atualização:
Uma das mulheres detidas é a francesa filha de imigrantes marroquinos, Kenza Drider, de 32 anos, na fotografia abaixo, sendo escoltada por policiais à paisana. O militanismo islâmico teve o requinte de pagar a seu bilhete de trem TGV da Provence, sul da França, até Paris só para participar dos protestos contra o banimento do véu islâmico integral em lugares públicos. A senhora Drider passou três horas na delegacia e em seguida, foi liberada sem multa. Missão cumprida.
Fonte: VEJA
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