sábado, 3 de julho de 2010

Justiça de Israel liberta 35 pais ultraortodoxos

28/06/2010
Estadão
A Suprema Corte de Israel libertou ontem um grupo de 35 judeus ortodoxos que haviam sido detidos por violar uma ordem que proíbe a segregação em uma escola para meninas na Cisjordânia. Um porta-voz do tribunal anunciou um compromisso para que elas possam terminar o ano letivo, na quarta-feira, até que um acordo definitivo seja assumido durante as férias.
Cerca de 200 meninas entre 6 e 14 anos estudam na escola Beit Yaakov, na colônia Emanuel, perto de Nablus, que abriga 3,7 mil ortodoxos. A escola virou símbolo do debate sobre religião e Estado e mostrou o preconceito uma divisão entre os judeus.
Há dois anos, o colégio separou com um muro de concreto as alunas de origem europeia (ashkenazi) e as originárias do norte da África e Oriente Médio (sefarditas). "A segregação existe, não podemos negar, mas é apenas religiosa, justificada pelas diferenças entre as tradições sefarditas e ashkenazis", disse ao Estado o jornalista ultraortodoxo Dudi Zilbershlag.
Na semana passada, cera de 100 mil ortodoxos saíram às ruas para acompanhar a prisão de 35 colonos de Emanuel, que se recusam a acatar a decisão judicial e aceitar o ensino integrado. Outras nove mães de alunas começarão em breve a cumprir pena de duas semanas pelo mesmo motivo.
Rivalidade local."Nem os mais sábios sefarditas gostariam que seus filhos estudassem com essa gente na escola", diz Aliza Lang, mãe de quatro filhos, que é contra a integração. Apesar de rejeitarem a idéia de racismo, a tensão é bastante palpável entre as alunas.
Avraham Hadad, pai de oito, conta que uma de suas filhas foi apelidada de "negra feia" pelas alunas de origem ashkenazi, que têm a pele mais clara.
"Um dia, minha filha não aguentou e chamou uma colega de nazista. Então, fui chamado pela diretora para discutir o comportamento dela", conta o sefardita.
Hadad disse ao Estado que, apesar de ser favorável à separação, sentiu-se ofendido pelo modo como ela foi imposta pela Suprema Corte, que é secular. "As diferentes correntes do judaísmo ortodoxo pedem a separação. Esse caso tomou tal proporção por causa da corte laica. Ninguém poderia imaginar que terminaria assim", afirma o sefardita Yanon Harir. 

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