domingo, 10 de outubro de 2010

Esposa de Nobel da Paz está em prisão domiciliar!

Nobel da Paz dedica seu prêmio às vítimas da repressão na Praça da Paz Celestial



Dissidente chinês Liu Xiaobo cumpre uma pena de 11 anos por "subversão do poder do Estado"


O dissidente chinês Liu Xiaobo, Nobel da Paz 2010, dedicou seu prêmio às vítimas da praça de Tiananmen que morreram durante a repressão do movimento pró-democracia, informou neste domingo a ONG Human Rights in China (HRIC), que entrou em contato com a esposa do dissidente detido depois que ela conversou com o marido.


A HRIC também confirmou que, depois de ter visto o marido, Liu Xia foi colocada em prisão domiciliar em Pequim.


— Este prêmio é dedicado às almas perdidas em 4 junho — afirmou Liu Xiaobo a sua esposa, Liu Xia, aludindo ao movimento democrático da Praça de Tiananmen (Paz Celestial) de Pequim, organizado pelos estudantes em 1989 e violentamente reprimido pelo governo chinês.


Segundo a HRIC, o encontro do dissidente com sua esposa durou cerca de uma hora, quando ele foi informado sobre sua premiação. Segundo a esposa, Liu Xiaobo, com lágrimas nos olhos, afirmou ainda que as vítimas de Tiananmen deram sua vida "pela paz, liberdade e democracia".


A Human Rights in China também anunciou ter se inteirado da prisão de Liu Xia e disse, em um comunicado, que "reclama energicamente da comunidade internacional que se pressione as autoridades chinesas para que libertem imediatamente Liu Xia de sua prisão domiciliar, deixem Liu Xiaobo livre e libertem todos os prisioneiros políticos detidos como resultado de exercer seu direito à liberdade de expressão".


Outra organização humanitária, a Freedom Now, também denunciou que a esposa do ativista está detida em sua casa em Pequim.


— Ela está, neste momento, sob prisão domiciliar de fato em seu apartamento de Pequim — informou Beth Schwanke, conselheira legislativa do grupo referindo-se à esposa de Liu Xiaobo.


Schwanke contou que, depois do anúncio na sexta-feira de que seu marido era o vencedor do Nobel da Paz, ela foi informada que seria detida.


— Disseram a ela que seria levada à prisão onde seu marido está preso — afirmou a porta-voz da Freedom Now.


Imediatamente depois do anúncio do Prêmio Nobel da Paz, as autoridades chinesas organizaram a visita de Liu Xia ao marido, que se encontra num presídio no nordeste da China. Ela foi levada no sábado e voltou para casa neste domingo, segundo a ONG. Mas ativistas de direitos humanos informaram que, depois da visita, o celular de Liu Xia foi confiscado e ela tem sido mantida incomunicável.


— Depois que ela voltou para Pequim, eles disseram que ela não poderia deixar o apartamento em que mora — informou Schwanke.


A notícia da visita de Liu Xia ao marido foi anunciada mais cedo por ONG, citando a sogra de Xiaobo.


O Centro de Informação dos Direitos Humanos e a Democracia, organização com sede em Hong Kong, afirmou em um comunicado que o casal realmente se encontrou, mas que Liu Xia estava incomunicável desde a noite de sexta-feira.


O Prêmio Nobel da Paz 2010 foi atribuído na sexta-feira a Liu Xiaobo "por seus esforços contínuos e não violentos em prol dos direitos humanos na China", segundo o Comitê Nobel norueguês.


Liu Xiaobo, de 54 anos, cumpre uma pena de 11 anos em regime fechado por ter sido um dos autores da Carta 08, exigindo a democratização da China. Ele foi condenado por "subversão do poder do Estado". As autoridades chinesas prenderam dezenas de partidários do ativista em Pequim, Xangai e outras cidades que comemoraram a premiação.
AFP



Liu Xiaobo é um ativista dos direitos humanos que reclamou publicamente a necessidade de o governo da China responder por suas ações. Ele já foi detido, preso e condenado repetidas vezes por suas atividades políticas pacíficas, a começar por sua participação nos Protestos da Praça da Paz Celestial, e em quatro outras ocasiões desde então.
Em janeiro de 1991, Liu Xiaobo foi condenado sob acusação de "propaganda contrarrevolucionária e incitação", mas foi isento de punição criminal. Em outubro de 1996, ele foi condenado a três anos de reeducação pelo trabalho, sob acusação de "perturbar a ordem pública", por ter criticado o Partido Comunista da China. Em 2007, Liu foi detido por um curto período e interrogado pela publicação de artigos na internet, em páginas de servidores fora do território da República Popular da China.
Sua última condenação, em 2009, gerou protestos de todo o mundo. Ele foi condenado a 11 anos de prisão por organizar um abaixo-assinado, a Carta 08, um documento baseado na Carta 77 tchecoslovaca, em que ativistas de direitos humanos cobravam maior liberdade de expressão na China.
O ativismo político de Liu recebeu reconhecimento internacional. Em 2004, a ONG Repórteres sem Fronteiras entregou-lhe o Prêmio Fondation de France, por defender a liberdade de imprensa. Em 2010, Liu recebeu o Prêmio Nobel da Paz por sua atuação em defesa dos direitos humanos.

Liu foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz de 2010 por Václav Havel, o décimo-quarto Dalai LamaAndré GlucksmannVartan GregorianMike MooreKarel SchwarzenbergDesmond Tutu e Grigory Yavlinsky. Ma Zhaoxu, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, afirmou que a possível premiação de Liu Xiaobo seria algo "totalmente errado".
Depois da confirmação do prêmio, a agência estatal de notícias chinesa Xinhua levou ao ar uma reportagem afirmando que a premiação de Liu Xiaobo "blasfemou" o propósito de Alfred Nobel ao criar o prêmio e que ela "poderia causar dano às relações entre a República Popular da China e a Noruega". O porta-voz disse ainda que Liu havia quebrado as leis chinesas e que suas ações eram "contrárias ao propósito do Prêmio Nobel da Paz". A premiação de Liu Xiaobo foi censurada pelo governo chinês; as emissoras que transmitiam a premiação ficaram fora do ar e houve uma censura geral do fato na imprensa do país.

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